A morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, após cair em uma ribanceira no vulcão Monte Rinjani, na Indonésia, ainda gera revolta e dor.
Agora, a irmã da jovem que comoveu o país com seus últimos pedidos de socorro decidiu se pronunciar. Em uma entrevista carregada de emoção, ela revelou detalhes inéditos sobre os dias de agonia da família e acusa as autoridades de descaso e abandono: “Empurraram a culpa, lavaram as mãos e deixaram minha irmã morrer sozinha.”
Segundo a irmã, desde o momento em que o grupo de trilheiros avisou sobre o desaparecimento, a resposta das autoridades locais foi lenta, confusa e sem a urgência que o caso exigia.
Ela afirma que os amigos de Juliana imploraram por ajuda ainda na sexta-feira, 20 de junho, mas que o resgate só foi levado a sério dois dias depois, quando imagens feitas por drones mostraram Juliana com vida, caída e ferida.
“Ela estava viva, foi vista mexendo na bolsa, acenando. Ela só precisava ser retirada dali. Mas trataram como se não fosse nada. O tempo passou, e a minha irmã foi perdendo as forças”, disse, com a voz embargada. Para a família, a demora no socorro foi determinante para a morte de Juliana.
Família denuncia omissão e falta de assistência do governo
Além das críticas à condução das buscas na Indonésia, a irmã de Juliana também questionou a postura do governo brasileiro, que, segundo ela, se limitou a “mandar e-mails protocolares”.
“Ninguém pegou o telefone para falar conosco. Ninguém disse o que fazer. Tivemos que correr atrás de tudo sozinhos, até do dinheiro para trazer o corpo de volta”, afirmou.
A família também ficou revoltada com o fato de o translado não ter sido custeado pelo governo. O corpo só pôde retornar ao Brasil graças à ajuda de amigos e à solidariedade do ex-jogador Alexandre Pato, que se ofereceu para pagar os custos. “Foi ele quem nos estendeu a mão, não o Itamaraty”, desabafou.
Agora, a irmã de Juliana quer justiça. Ela pede uma investigação mais profunda sobre o que realmente aconteceu naquele dia e sobre a responsabilidade de quem deveria ter agido. “Minha irmã não caiu e morreu na hora. Ela teve tempo, teve esperança. O que faltou foi humanidade de quem poderia ter feito algo.”