A despedida de Arlindo Cruz, ocorrida na sexta-feira (8), no Rio de Janeiro, foi marcada não apenas pela comoção, mas também pelo relato de familiares sobre as suas últimas palavras.
Segundo pessoas próximas, pouco antes de partir, o sambista fez um pedido que emocionou a todos: ele pediu a Deus que o curasse. A frase foi dita em meio a um momento de grande fragilidade física, mas com a mesma fé que sempre o acompanhou ao longo da vida.
Desde que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, em março de 2017, Arlindo viveu sob os cuidados da família e de uma equipe médica dedicada. As sequelas o deixaram debilitado e dependente de atenção constante, mas sua fé nunca se abalou.
De acordo com relatos, mesmo nos dias mais difíceis, o músico mantinha orações e demonstrava confiança em um propósito maior.
A morte foi confirmada por sua esposa, Babi Cruz, que esteve ao seu lado até o último instante. Arlindo faleceu no Hospital Barra D’Or, na Zona Oeste do Rio, vítima de falência múltipla dos órgãos. Para a família, o pedido final de cura foi a expressão de uma entrega completa a Deus, refletindo sua espiritualidade e sua forma de encarar a vida e a morte.
Legado marcado por fé, música e amor ao samba
O velório de Arlindo Cruz será realizado neste sábado (9), na quadra do Império Serrano, escola de samba pela qual sempre nutriu profunda ligação. A cerimônia deve reunir amigos, familiares e fãs que querem prestar a última homenagem ao artista que, por décadas, foi um dos pilares do gênero.
Em comunicado oficial, a família ressaltou a importância de Arlindo não apenas como músico, mas como ser humano. “Mais do que um artista, Arlindo foi um poeta do samba, um homem de fé, generosidade e alegria, que dedicou sua vida a levar música e amor a todos que cruzaram seu caminho. Sua voz, suas composições e seu sorriso permanecerão vivos na memória e no coração de milhões de admiradores”, diz a nota.
Nascido em 14 de setembro de 1958, no Rio de Janeiro, Arlindo Domingos da Cruz Filho conquistou o país com composições marcantes e interpretações carregadas de emoção. Apelidado de “o sambista perfeito”, título inspirado em uma de suas músicas com Nei Lopes, ele ganhou este ano uma biografia que eterniza sua trajetória.
A frase que marcou seus últimos momentos — o pedido de cura a Deus — agora se junta à sua história como um símbolo de fé e resistência. Mesmo diante da fragilidade, Arlindo partiu mantendo viva a essência que sempre o definiu: a esperança.