Brasil, 2025 – O caso que chocou Belo Horizonte e ganhou repercussão nacional acaba de ter um novo capítulo. Os advogados que defendiam o empresário Renê da Silva Nogueira Junior, acusado de matar o gari Laudemir Fernandes, anunciaram a renúncia ao processo. A decisão foi comunicada oficialmente à Justiça, abrindo espaço para que o acusado busque um novo representante legal.
Na última segunda-feira (18), os advogados Leonardo Guimarães Salles, Leandro Guimarães Salles e Henrique Viana Pereira protocolaram um documento endereçado à juíza do 1º Tribunal do Júri de Belo Horizonte, declarando que “renunciam aos poderes que lhes foram outorgados”. O comunicado ressalta ainda que o empresário foi devidamente informado e irá constituir um novo procurador para dar sequência à sua defesa.
Em nota à imprensa, Leonardo Salles afirmou que a saída do caso ocorreu por “motivo de foro íntimo”, destacando que a decisão foi tomada após uma conversa reservada com Renê. A renúncia da defesa ocorre apenas uma semana depois da prisão do empresário, que segue detido preventivamente.
Linha do tempo da tragédia que terminou em morte
O crime ocorreu no dia 11 deste mês, quando Renê Junior, de 40 anos, se irritou com um caminhão de lixo parado em uma rua de Belo Horizonte. Testemunhas afirmaram que o empresário ameaçou inicialmente a motorista do veículo e, em seguida, atirou contra Laudemir, que trabalhava na coleta naquele momento. O gari não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Horas depois, Renê foi preso pela Polícia Civil.
O empresário poderá responder pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, porte ilegal de arma e ameaça, o que pode resultar em uma pena de até 30 anos de prisão. A gravidade dos fatos e a frieza da ação aumentaram a comoção popular, especialmente entre colegas da vítima e familiares, que exigem justiça.
Arma do crime pertencia à esposa de Renê, delegada da Polícia Civil
Outro ponto que intensificou a polêmica foi a descoberta de que a arma utilizada no assassinato pertencia à esposa do acusado, a delegada da Polícia de Minas Gerais Ana Paula Balbino Nogueira. Laudos de balística confirmaram que o disparo partiu de uma das armas de uso pessoal da policial, apreendidas pela investigação no dia do crime.
Renê não possuía registro de armas em seu nome, o que reforça a acusação de porte ilegal. A ligação entre o armamento e a profissão da esposa trouxe ainda mais pressão para o caso, levantando debates sobre responsabilidade, segurança e ética no uso de armas de fogo por familiares de policiais.
Enquanto a investigação segue avançando, a renúncia da defesa marca uma reviravolta processual. Agora, caberá ao empresário encontrar um novo advogado para enfrentar a acusação que pode levá-lo a cumprir a pena máxima prevista pela Justiça. O caso, que começou com uma discussão banal no trânsito, tornou-se símbolo da violência urbana e da intolerância que ainda marcam episódios no país.