Brasil, 2025 – Em meio a uma campanha que busca dar voz a mulheres vítimas de abuso, a empresária Mariana Belém, filha da cantora Fafá de Belém, fez um relato comovente e doloroso em suas redes sociais.
Aos 40 anos, ela revelou pela primeira vez os detalhes do primeiro abuso que sofreu, quando tinha apenas sete anos. A revelação veio mais de três décadas depois do ocorrido e reforça a importância de abrir o diálogo sobre o tema dentro das famílias.
O silêncio que durou décadas
Mariana contou que, apesar da relação próxima com a mãe, levou 17 anos para relatar o episódio de forma superficial e somente 33 anos depois conseguiu detalhar o que viveu. Segundo ela, o abusador era um homem de confiança da família, que deveria zelar por sua segurança. “Eu achava que a culpa era minha. Eu tinha vergonha. Eu tive medo por anos”, escreveu.
No relato, Mariana recorda com clareza os momentos em que percebeu a gravidade da situação. “Algo me fez correr porque achei errado um homem que deveria cuidar de mim estar passando a mão dentro do meu biquíni, colocando a minha mão no pênis dele e pedindo para eu ‘dar beijo’ naquela parte do corpo dele. Algo fez minha mãe chegar enquanto eu corria dele. Algo ali me salvou de algo pior.”
A importância da terapia e do apoio familiar
A empresária destacou que só conseguiu lidar com o trauma graças ao acompanhamento de especialistas ao longo da vida. Terapias com psicopedagoga e leituras sobre o tema a ajudaram a não carregar um sofrimento ainda maior. “Trabalhei isso ao longo da vida e consegui não viver com traumas maiores. Mas nunca esqueci”, desabafou.
Mariana também reconheceu que seu processo de superação só foi possível porque tinha uma mãe presente e aberta ao diálogo. Mesmo assim, demorou décadas para se sentir pronta a dividir os detalhes. Ela ressaltou a dificuldade que muitas vítimas enfrentam ao não terem o mesmo suporte ou acesso à informação, o que torna ainda mais difícil o enfrentamento.
Um relato que pode inspirar outras vítimas
O desabafo de Mariana Belém integra uma campanha que incentiva mulheres a quebrarem o silêncio sobre abusos sofridos. Para ela, falar abertamente sobre o assunto é um ato de libertação pessoal e também um gesto de acolhimento coletivo.
Segurando o livro “Abuso”, da jornalista Ana Paula Araújo, a empresária revelou que a leitura foi decisiva para encorajá-la a compartilhar a experiência publicamente. “Se esse relato fizer pelo menos uma pessoa se sentir acolhida, parte de algo ou até encorajar alguém a se abrir, eu já sentirei um alívio ainda maior”, afirmou.
O depoimento de Mariana reforça a urgência de discutir o abuso infantil e a necessidade de fortalecer os canais de apoio. Ao transformar sua dor em voz, ela amplia o alcance da campanha e mostra que relatos pessoais podem ser fundamentais para quebrar o ciclo de silêncio, vergonha e culpa que ainda aprisiona tantas vítimas no Brasil.