Brasil, 2025 – O Supremo Tribunal Federal voltou a ser palco de debates acalorados em torno da trama golpista de 2022. O ministro Alexandre de Moraes respondeu diretamente às tentativas de defesa dos réus que pedem sua suspeição no processo, sob o argumento de que ele seria vítima em potencial das ações investigadas.
A contestação se apoia na chamada operação “Punhal Verde e Amarelo”, que teria identificado planos para atingir autoridades, entre elas o próprio magistrado.
Moraes rebate acusações de parcialidade
Moraes deixou claro que não existe investigação por tentativa de homicídio em curso contra ele ou outros ministros. Segundo suas palavras, o que há é a comprovação de atos executórios que visavam à preparação de um golpe de Estado.
Para o ministro, a vítima central não são autoridades individuais, mas o próprio Estado brasileiro, alvo de uma organização criminosa estruturada, hierarquizada e com divisão de tarefas.
Ele enfatizou que, pelo Código de Processo Penal, ameaças, coações ou agressões não tornam magistrados impedidos ou suspeitos. Caso fosse diferente, segundo Moraes, qualquer grupo criminoso poderia escolher seus julgadores apenas intensificando intimidações.
“Não há nenhuma investigação de homicídio, mas sim de ações de monitoramento e planos de utilização de forças especiais para atentar contra a ordem democrática”, afirmou.
O papel de Bolsonaro e as reuniões com militares
Outro ponto de destaque foi a afirmação de Moraes de que há provas documentadas de reuniões do ex-presidente Jair Bolsonaro com os chefes das Forças Armadas. O objetivo, segundo ele, era discutir a viabilidade de um golpe após a derrota eleitoral para Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. A declaração confronta a narrativa das defesas, que insistem na ausência das minutas citadas pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
Para o ministro, a inexistência de documentos não anula os relatos e as provas de encontros realizados com a finalidade de quebrar a normalidade constitucional. Ele sustentou que a investigação da Polícia Federal reuniu elementos suficientes para confirmar a articulação.
Disputa jurídica e efeitos políticos
A insistência das defesas em tentar afastar Moraes do caso mostra a relevância do processo não apenas na esfera jurídica, mas também no campo político. O julgamento sobre a trama golpista de 2022 envolve diretamente figuras de peso, entre elas o ex-presidente Bolsonaro, e expõe as tensões ainda vivas desde a última eleição presidencial.
Ao se posicionar, Moraes busca reafirmar a independência do Supremo em meio a ataques e questionamentos. Seu argumento central é que as ações investigadas ultrapassam qualquer esfera pessoal, pois representam ameaça direta à democracia brasileira. A resposta dele fortalece o entendimento de que o Judiciário não pode ser fragilizado por pressões externas, especialmente em casos de tamanha gravidade.