Brasil, 2025 – As relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos atravessam um momento de tensão após declarações da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.
Ao comentar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), Leavitt afirmou que Donald Trump, atual presidente norte-americano, considera a liberdade de expressão como prioridade e que não hesitaria em utilizar instrumentos econômicos e até militares para defendê-la globalmente.
Declaração gera atrito entre Brasil e EUA
A fala, feita em resposta a um questionamento sobre o futuro político de Bolsonaro em caso de condenação, repercutiu de imediato. Embora Leavitt tenha frisado que não há medidas adicionais em curso contra o Brasil, o tom da declaração foi interpretado como uma ameaça velada. A Embaixada dos EUA em Brasília replicou a posição oficial, mas o Itamaraty reagiu com firmeza, divulgando uma nota em que condena qualquer tentativa de coerção internacional.
O comunicado brasileiro destacou que a soberania nacional e a independência dos Poderes da República são inegociáveis. Para o governo, a fala da porta-voz norte-americana configura uma tentativa de pressão sobre a Justiça brasileira em um momento delicado, no qual o STF se prepara para concluir o julgamento de Bolsonaro e de outros sete réus ligados à tentativa de golpe de Estado.
STF avança no julgamento de Bolsonaro
No centro da crise diplomática está o julgamento do chamado “Núcleo Crucial”, que envolve Bolsonaro e aliados militares e políticos. Eles respondem por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada e golpe de Estado. O relator, ministro Alexandre de Moraes, já votou pela condenação, lembrando que as provas demonstram a articulação para impedir a posse do presidente eleito em 2022.
As penas somadas podem chegar a 43 anos de prisão. Para a condenação, é necessária maioria simples entre os cinco ministros da Primeira Turma do STF. O resultado final deve ser conhecido até sexta-feira, e, em caso de condenação, abre-se a possibilidade de recursos que podem alongar o processo por meses.
Pressão externa e defesa da soberania
O episódio expõe a complexa relação entre política interna e influências externas. De um lado, Washington busca reafirmar sua postura de defesa da liberdade de expressão como princípio universal; de outro, Brasília reage com firmeza para resguardar sua soberania e evitar qualquer interferência nos rumos da Justiça.
O caso Bolsonaro, já de grande peso político, agora se entrelaça a um debate diplomático mais amplo. O desfecho do julgamento e a forma como os dois países conduzirão esse impasse poderão definir não apenas o futuro das relações bilaterais, mas também o equilíbrio entre soberania nacional e pressões internacionais em nome de valores democráticos.