Teria coragem: Mulher mora na floresta e cria seus filhos sem interne…Ver mais
A fotógrafa Odara da Floresta transformou completamente sua vida após decidir deixar o ritmo urbano e se mudar para a comunidade da Costa da Lagoa, em Florianópolis, há 15 anos.
O que começou como uma visita profissional, durante um trabalho de casamento, tornou-se o ponto de virada em sua trajetória pessoal e espiritual. Ao pisar na comunidade pela primeira vez, ela sentiu que aquele seria seu verdadeiro lar.
Criada em uma comunidade caiçara, Odara cresceu próxima à natureza e aos valores de coletividade. Após se formar em Jornalismo e ganhar reconhecimento na fotografia, decidiu que era hora de retomar suas origens.
A mudança, no entanto, veio acompanhada de uma surpresa: a gestação de seu primeiro filho. Ao lado do companheiro Jorge, embarcou para a Costa da Lagoa determinada a viver de forma mais simples e conectada com a natureza.

A maternidade e o cotidiano em meio à natureza
Hoje, Odara é mãe de duas crianças — uma nascida no hospital e outra em casa, “na floresta mesmo”. Ela se tornou doula e passou a auxiliar outras mulheres da comunidade em partos naturais.
A vida na Costa da Lagoa é marcada por desafios logísticos: o acesso é feito apenas por trilha ou barco, e o transporte público é recente. Mesmo assim, a fotógrafa afirma que a rotina é recompensadora.

A comunidade é dividida em 23 pontos, com a parte mais movimentada a partir do 13º, onde há escola, restaurante, posto de saúde e a maioria dos moradores nativos. “Aqui temos agricultura e pesca, que são a base da nossa renda. É um lugar de difícil acesso, mas não isolado. Muita gente acha que vivo como no filme Capitão Fantástico, mas não é bem assim”, explica, com bom humor.
Em 2024, Odara viralizou nas redes sociais ao compartilhar o cotidiano na floresta, revelando uma vida que une simplicidade, maternidade e ancestralidade. “Preciso botar o pé na terra, sentir o ciclo da vida.

Conexão aumenta com a maternidade
A maternidade me trouxe ainda mais essa conexão. Sou bicho, sou natureza. Não quero ser domesticada, nem que meus filhos cresçam sem saber de onde vem o alimento que consomem”, afirma.
Viver na Costa da Lagoa, segundo Odara, é um exercício de autenticidade e coletividade. Ela destaca o sentimento de pertencimento e o apoio mútuo entre os moradores como os maiores benefícios do estilo de vida. “Aqui, o tempo tem outro ritmo. Aprendi a respeitar a natureza e as pessoas. Vivemos de forma simples, mas com um sentido profundo”, diz.
A fotógrafa acredita que o futuro precisa resgatar o que a modernidade deixou para trás: o respeito às raízes ancestrais e a consciência do coletivo. “Quero que meus filhos cresçam entendendo o valor da terra, da comunidade e da liberdade. A floresta me curou e me ensinou o que realmente importa.”