Um caso macabro chocou o Rio de Janeiro e vem sendo comparado aos crimes em série mais cruéis do país. A técnica de enfermagem Ana Paula Veloso Fernandes, de 36 anos, foi presa após confessar quatro assassinatos e o envenenamento de dez cachorros — que, segundo a própria criminosa, foram usados como “teste” para medir os efeitos do veneno antes de aplicá-lo em seres humanos.
Ana Paula foi contratada por Michele Paiva da Silva, de 42 anos, para matar o próprio pai, Neil Corrêa da Silva, de 65 anos, utilizando uma feijoada envenenada. O caso, que parecia isolado, acabou revelando um histórico de crimes que se estende por meses e envolve diversas vítimas.
As investigações apontam que as quatro pessoas mortas por Ana Paula são: Marcelo Hari Fonseca (50), assassinado em janeiro; Maria Aparecida Rodrigues (49), morta em abril; Neil Corrêa da Silva (65), pai de Michele, também morto em abril; e Hayder Mhazres (36), tunisiano assassinado em maio. Todas as mortes ocorreram por ingestão de alimentos ou sobremesas contaminadas com veneno.
Envenenamentos planejados e crueldade metódica
De acordo com o delegado Halisson Ideiao, responsável pelo caso, a criminosa demonstrava frieza e cálculo ao cometer os assassinatos. Ana Paula usava sua experiência na área da saúde para dosar precisamente as substâncias tóxicas, entre elas o terbufós, um agrotóxico semelhante ao chumbinho, encontrado na casa da suspeita durante as buscas.
Em depoimento à Polícia Civil do Rio de Janeiro, Ana Paula confessou não apenas os assassinatos, mas também o teste em animais:
“Envenenei dez cachorros com chumbinho para ver como o corpo reagia antes de usar o veneno nas pessoas.”
A técnica ainda detalhou como executou o crime contra Neil:
“Ajudei uma amiga a matar o pai. Discuti com ele e pedi para as crianças irem para o quarto. Ele foi na frente e sentou no sofá; então eu me aproximei e desferi uma facada na axila.”
Prisões e nova investigação sobre a morte do pai de Michele
Ana Paula e Michele foram presas na última terça-feira (7), na Baixada Fluminense. Michele, que cursa Direito, foi capturada na porta da faculdade, no bairro Engenho Novo, na Zona Norte do Rio.
Embora o laudo de óbito de Neil tenha inicialmente apontado insuficiência respiratória aguda, cetoacidose diabética, parada cardiorrespiratória e crise convulsiva, a polícia determinou a exumação do corpo, realizada na quinta-feira (9), para confirmar a suspeita de envenenamento.
Delegado classifica suspeita como “psicopata”
Segundo o delegado Halisson Ideiao, o comportamento de Ana Paula indica características psicopáticas. Ele afirmou que a mulher agia com total ausência de empatia e dominava os detalhes técnicos dos assassinatos.
“Ela sabia exatamente o tempo que o veneno levaria para agir e as consequências que causaria. Estamos diante de uma pessoa fria e calculista.”
O caso segue sob investigação pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, que busca identificar se há outros envolvidos ou novas vítimas relacionadas à série de crimes. A história de Ana Paula Veloso Fernandes expõe um cenário de horror e crueldade que ultrapassa os limites da compreensão humana.