O caso que chocou os Estados Unidos em 2023 voltou a ganhar destaque nesta semana, com o depoimento emocionante de Abigail Zwerner, professora norte-americana de 27 anos que foi baleada por um aluno de apenas seis anos dentro de uma escola na Virgínia. Diante do júri, ela contou que acreditou estar morrendo logo após o disparo.
“Pensei que estava morrendo, pensei que já tinha morrido. Achei que estava a caminho do céu ou já estava lá. Depois, tudo ficou escuro”, relatou, segundo a NBC News.
O ataque ocorreu no dia 6 de janeiro de 2023, na Escola Primária Richneck, em Newport News. O disparo feito pela criança atravessou a mão de Abigail antes de atingir seu peito — o projétil ainda permanece em seu corpo. O médico responsável pelo caso informou que removê-lo seria mais perigoso do que deixá-lo onde está.

Sequelas e luta por justiça
Quase três anos após o ataque, Abigail ainda enfrenta fortes sequelas físicas e emocionais. Ela revelou que perdeu força nas mãos e tem dificuldades para realizar tarefas simples.
“Estava almoçando com meu advogado e não consegui abrir um pacote de batatas fritas. Pedi para ele abrir. Aconteceu o mesmo com garrafas de água”, relatou a professora.
O depoimento faz parte do processo de indenização de US$ 40 milhões (cerca de R$ 230 milhões) movido por Abigail contra o distrito escolar, sob a acusação de negligência. Segundo a denúncia, o ataque poderia ter sido evitado se a então vice-diretora da escola, Ebony Parker, tivesse agido diante dos avisos de que o menino estava armado.
Outras professoras confirmaram à Justiça que alertaram Parker diversas vezes sobre o comportamento do aluno. Uma delas afirmou que relatou três vezes o risco, após ser informada por outras crianças de que o colega havia levado uma arma para a escola.
Responsabilidade e consequências
Durante o interrogatório, o advogado de defesa da vice-diretora tentou atribuir parte da culpa à própria vítima, alegando que Abigail poderia ter se protegido. A professora rebateu afirmando que confiou na administração escolar, acreditando que as medidas adequadas seriam tomadas:
“Não fiz mais nada porque acreditei que a direção agiria imediatamente diante de uma ameaça como essa”, explicou.
A mãe do menino, Deja Taylor, foi condenada em 2023 a 21 meses de prisão por negligência e uso indevido de arma de fogo. Ela admitiu que o filho teve acesso à arma em casa, sem supervisão e sem mecanismos de segurança.
O menino, por ser menor de idade, não foi acusado criminalmente. Atualmente, ele segue fora do sistema escolar e recebe acompanhamento psicológico.
O caso de Abigail Zwerner se tornou símbolo de um debate mais amplo nos Estados Unidos sobre segurança escolar e acesso a armas de fogo, mostrando como uma tragédia poderia ter sido evitada com ações preventivas simples.