O mundo ainda tenta compreender as causas da tragédia que abalou a Índia na última quinta-feira (12), quando um avião Boeing 787-8 Dreamliner da Air India caiu poucos segundos após decolar do aeroporto de Ahmedabad.
A bordo estavam 242 pessoas, entre passageiros e tripulantes, mas o impacto devastador também atingiu moradores no solo, elevando o número de mortos para cerca de 290 pessoas.
A aeronave partia rumo ao aeroporto de Gatwick, em Londres, no Reino Unido, mas perdeu altitude rapidamente ainda durante a decolagem. Vídeos gravados por câmeras de segurança mostram que o avião chegou a subir, mas logo entrou em queda, desaparecendo entre prédios e explodindo violentamente segundos depois.
Últimas palavras do piloto: o pedido desesperado de Mayday
Em meio ao pânico que se instaurou na cabine, o piloto conseguiu emitir um último comunicado à torre de controle: o chamado de emergência Mayday. Esse tipo de mensagem é usado internacionalmente por pilotos para sinalizar situações de extremo risco durante o voo.
Logo após a emissão do Mayday, o contato com o controle de tráfego aéreo foi perdido. O fato de o piloto ter conseguido reportar o problema indica que houve uma tentativa de manter o controle da aeronave diante de uma falha repentina, possivelmente na potência dos motores.
Número de vítimas e sobreviventes
As autoridades confirmaram até agora a morte de 290 pessoas. Entre os passageiros estavam 169 indianos, 53 britânicos, 7 portugueses e 1 canadense, além da tripulação e vítimas em solo. Um ex-ministro da região indiana de Gujarat também estava a bordo.
Em meio ao cenário de destruição, um caso raro de sobrevivência chamou atenção. Um homem de 40 anos, identificado como Vishwash Ramesh, afirmou ter conseguido sair andando dos destroços. As autoridades ainda apuram se ele, de fato, estava a bordo da aeronave.
Cena de horror nos arredores de Ahmedabad
Moradores relataram momentos de desespero logo após o acidente. “Havia corpos e pedaços da aeronave espalhados por todos os lados. A fumaça era densa e o calor insuportável”, disse um residente à agência de notícias PTI.
O avião caiu sobre um alojamento de médicos próximo ao aeroporto, o que agravou ainda mais o número de vítimas no solo. O barulho da explosão foi ouvido a quilômetros de distância.
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, classificou o acidente como uma “tragédia de partir o coração”. Já o premiê britânico Keir Starmer descreveu as imagens como “devastadoras”. O Rei Charles III também tem recebido atualizações constantes sobre os resgates, diante do número significativo de vítimas britânicas.
Os riscos na decolagem e as hipóteses iniciais
Especialistas explicam que acidentes na fase de decolagem estão entre os mais perigosos na aviação, devido à baixa altitude e à falta de margem para manobras emergenciais. Uma falha de potência no motor ou falha nos sistemas de controle pode ser fatal em questão de segundos, como parece ter ocorrido neste caso.
A perda repentina de altitude registrada nos vídeos, associada ao Mayday emitido pelo piloto, reforça a hipótese de uma falha grave logo após a decolagem. Entretanto, apenas a investigação técnica poderá confirmar o que realmente aconteceu.
Investigação avança com a recuperação das caixas-pretas
Nesta sexta-feira (13), a polícia de Ahmedabad confirmou a recuperação de uma das caixas-pretas da aeronave, que deve ser fundamental para esclarecer o que aconteceu nos minutos finais. O equipamento, encontrado em meio aos destroços carbonizados, será analisado por peritos da Direção-Geral da Aviação Civil da Índia e de órgãos internacionais.
Ainda não foi confirmado se o gravador recuperado corresponde ao de dados de voo ou ao de voz da cabine, mas ambos serão cruciais para reconstituir a sequência dos acontecimentos que levaram à queda.
A investigação conta ainda com a participação de especialistas do Reino Unido, dos Estados Unidos e da fabricante Boeing, já que o voo envolvia vítimas de várias nacionalidades.