O ex-presidente Jair Bolsonaro surpreendeu o público e até mesmo os investigadores com seu comportamento contido durante o depoimento prestado nesta segunda-feira (9) no Supremo Tribunal Federal (STF).
Longe da postura explosiva que o caracteriza em discursos públicos, Bolsonaro apareceu calmo, medido e quase silencioso diante de Alexandre de Moraes, no segundo dia de interrogatório dos acusados de participar da trama golpista investigada pela Corte.
A atitude serena chamou atenção e assustou até parte de seus próprios aliados, acostumados com o ex-presidente em tom confrontador, sempre disposto a tensionar com a Justiça e a imprensa.
Sentado no banco dos réus e com poucas palavras, Bolsonaro tentou passar a imagem de quem queria colaborar, mas sem deixar de negar, ponto a ponto, as acusações que recaem sobre ele.
Sem poder exibir vídeos que havia preparado para sua defesa — decisão tomada por Moraes —, Bolsonaro se limitou a respostas curtas. Negou que tenha tramado contra as eleições, planejado golpe de Estado, editado minutas golpistas ou discutido qualquer tentativa de prender ministros do Supremo.
Afirmou ainda que nunca recebeu qualquer proposta de adesão das Forças Armadas para apoiar uma ruptura institucional.
“Era apenas um vazio”, afirmou Bolsonaro
Quando questionado sobre os diversos encontros mantidos com militares após a derrota nas eleições de 2022, Bolsonaro apresentou uma explicação que deixou a sala surpresa: segundo ele, tratava-se de um “vazio existencial”.
Com o resultado eleitoral definido, mas ainda ocupando o cargo até o fim do mandato, ele relatou que preencheu os dias com conversas informais com amigos — em sua maioria, oficiais fardados.
Disse ainda que chegou a apresentar alguns “considerandos” sobre o cenário político, mas garantiu que nunca houve conversas objetivas sobre um golpe. “Não havia planos de ruptura, só desabafos e conversas”, afirmou o ex-presidente.
Defesa se apoia na negação total das acusações
Em tom de vítima, Bolsonaro repetiu que sempre foi alvo de perseguição política, inclusive por parte da imprensa. Segundo ele, o corte de verbas publicitárias durante sua gestão irritou veículos de comunicação, que passaram a atacá-lo.
Ao longo de todo o depoimento, o ex-presidente evitou qualquer tom de enfrentamento direto, comportamento que destoou completamente da imagem pública que costuma adotar nas redes sociais e em eventos com apoiadores.
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