Condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por envolvimento em uma trama golpista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já considera a possibilidade de cumprir pena no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
Segundo informações do site Metrópoles, o ex-chefe do Planalto confidenciou a pessoas próximas que vê esse como o destino mais provável, embora ainda busque reverter a decisão com recursos no Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com fontes ligadas à família, Bolsonaro pretende tentar converter a pena em prisão domiciliar, caso o tribunal determine sua transferência para um presídio.

O principal argumento a ser apresentado pela defesa é o estado de saúde do ex-presidente, que enfrenta complicações médicas desde o fim de seu mandato. Neste ano, ele passou por três internações e realizou procedimentos cirúrgicos relacionados a dores abdominais e complicações intestinais.
Aliados afirmam que o ex-presidente tem sofrido crises frequentes de soluços, que se agravaram nos últimos meses, o que reforçaria a tese de que ele necessita de cuidados médicos contínuos. A defesa deve usar esses episódios para sustentar que o cumprimento da pena deve ocorrer em casa, sob acompanhamento especializado.
Defesa aposta em revisão e tenta adiar cumprimento da pena
A condenação foi decidida em 12 de setembro, quando o STF considerou Bolsonaro e aliados culpados pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
Conforme a Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-presidente teria liderado um grupo que planejou impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022.

As investigações da Polícia Federal, acolhidas pela Primeira Turma do Supremo, indicam que o plano incluía ações violentas e até a morte de autoridades, entre elas o próprio presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes.
Na última semana, a defesa apresentou embargos de declaração pedindo revisão da pena. Os advogados alegam que o acórdão deixou de analisar pontos essenciais e classificam a sentença como “injusta e equivocada”. Eles também citam o voto do ministro Luiz Fux, o único contrário à condenação, como base para reforçar o pedido de revisão.
Enquanto aguarda a análise dos recursos, Bolsonaro tenta manter a rotina e a imagem pública, mas pessoas próximas afirmam que ele estaria em uma espécie de “contagem regressiva” para o início do cumprimento da pena.

Mesmo cercado de aliados e advogados experientes, o ex-presidente estaria ciente de que a chance de prisão é cada vez mais concreta, e que o Complexo da Papuda pode, em breve, se tornar seu novo endereço.