Um restaurante brasileiro, Flimé, gerou uma intensa polêmica 14 anos atrás ao anunciar que abriria uma filial na capital alemã, Berlim, oferecendo uma proposta no mínimo controversa: carne humana no cardápio.
A matriz do restaurante, localizada em Rondônia, utilizou uma campanha de inauguração na Alemanha que incluía um cadastro para clientes interessados em oferecer partes do próprio corpo.
A Polêmica Inauguração
O site do restaurante não mencionava diretamente a carne humana, mas afirmava seguir a cultura indígena Wari, uma tribo da selva amazônica conhecida pelo canibalismo ritual. De acordo com a descrição, “comer é um ato espiritual com o qual ganhamos a mente e a força da criatura comida”. Essa referência cultural levantou questões éticas e gerou um enorme debate público.
Em Guajará-Mirim (RO), onde está localizada a matriz, cerca de mil pessoas protestaram contra o uso de carne humana no cardápio. A situação ganhou ainda mais atenção quando o proprietário, Eduardo Amado, afirmou em uma entrevista no YouTube que os protestos, na verdade, atraíam mais clientes. Ele sugeriu que todos deveriam experimentar a culinária Wari, já que os clientes saíam “com um sorriso no rosto”, embora ele nunca mencionasse explicitamente a carne humana.
Cadastro Controverso
No site trilíngue (alemão, português e inglês), os clientes interessados poderiam preencher um cadastro com perguntas detalhadas sobre seus hábitos médicos e de saúde, como consumo de álcool, tabagismo e atividade física. No final, havia um alerta: “Os membros associados do Flimé concordam, com este, em doar para o Flimé qualquer parte de seu corpo, que será determinada pelo próprio associado. […] A finalidade do uso da parte doada é de livre escolha do Flimé”.
Impacto e Repercussão
O endereço do restaurante em Berlim permaneceu secreto, mas o impacto do anúncio foi significativo. No Brasil, o site do restaurante fornecia instruções sobre como chegar à matriz, localizada na selva amazônica em Rondônia. A polêmica atraiu atenção da mídia e gerou discussões sobre ética, cultura e gastronomia.
Essa história, que começou 14 anos atrás, ainda ressoa como um exemplo extremo de marketing provocativo e levanta questões sobre os limites da cultura e da moralidade na gastronomia. O Flimé, com sua abordagem radical, conseguiu captar a atenção global, permanecendo uma lembrança viva de uma controvérsia que desafiou normas e fronteiras culturais.