Uma empresária foi morta a facadas pelo ex-companheiro dentro de uma residência localizada na Rua São José, no Centro de Icó, no interior do Ceará, na tarde desta terça-feira (23). O crime, classificado como feminicídio, chocou a população local e ampliou ainda mais um cenário preocupante de violência contra a mulher no estado ao longo de 2025.
A vítima foi identificada como Maria Francely Rocha da Silva, conhecida popularmente como Lily Rocha, de 39 anos. Segundo informações preliminares apuradas pelas autoridades, o autor do crime era o ex-companheiro da empresária, um homem de 47 anos que não aceitava o fim do relacionamento. Após o ataque, o suspeito tirou a própria vida no mesmo local.
Crime ocorreu dentro da residência no Centro de Icó
De acordo com relatos iniciais, Lily estava no interior da residência quando foi surpreendida pelo ex-companheiro. O ataque ocorreu no período da tarde e mobilizou rapidamente equipes da Polícia Militar, que foram acionadas por moradores da região após perceberem a movimentação incomum no imóvel.
Ao chegarem ao endereço, os policiais constataram a morte da empresária e, em seguida, localizaram o corpo do suspeito. A área foi isolada para o trabalho da Perícia Forense do Estado do Ceará, responsável pela coleta de evidências e pela remoção dos corpos.
A investigação do caso ficou sob responsabilidade da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Icó. Os investigadores apuram as circunstâncias que antecederam o crime, incluindo possíveis desentendimentos recentes, histórico de violência e se havia registros formais de ameaças ou denúncias anteriores envolvendo o ex-casal.
Empresária era conhecida e atuava no ramo da gastronomia
Lily Rocha era bastante conhecida em Icó por sua atuação como empreendedora. Ela era proprietária de um restaurante especializado em comida japonesa, que se tornou referência na cidade e conquistou uma clientela fiel ao longo dos anos. O estabelecimento permaneceu fechado após a confirmação da morte da empresária.
A notícia causou forte comoção entre amigos, familiares, clientes e moradores do município. Nas redes sociais, diversas mensagens de pesar foram publicadas, destacando o perfil trabalhador, carismático e dedicado de Lily. Muitos também aproveitaram o momento para reforçar a importância do combate à violência doméstica e do apoio às mulheres em situação de risco.
O caso reacendeu debates locais sobre relacionamentos abusivos e a dificuldade enfrentada por mulheres que tentam romper vínculos marcados por controle e agressividade. Entidades ligadas à defesa dos direitos das mulheres também manifestaram solidariedade à família da vítima.
Número de feminicídios no Ceará chega a 45 em 2025
Com a morte de Lily Rocha, o Ceará chegou ao registro de 45 feminicídios em 2025, segundo levantamento divulgado pelo g1 com base em dados oficiais. Até o dia 12 de dezembro, o estado contabilizava 44 casos, número que já era considerado elevado.
Este total representa o maior índice desde 2018, quando os crimes de feminicídio passaram a ser contabilizados de forma específica pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará. O número atual supera a média histórica do estado e reforça um alerta sobre a persistência da violência de gênero.
Especialistas destacam que a maioria dos feminicídios ocorre em contextos de relacionamentos íntimos ou rompimentos recentes, cenário semelhante ao registrado em Icó. Autoridades reforçam a importância da denúncia, do acolhimento às vítimas e da ampliação de políticas públicas voltadas à prevenção e proteção das mulheres.
O caso segue em investigação, enquanto a cidade tenta lidar com a perda e com o impacto de mais uma tragédia anunciada pela intolerância e pela violência.