Após a tragédia envolvendo Juliana Marins, a jovem brasileira que morreu ao cair no Monte Rinjani, na Indonésia, muitas pessoas passaram a se perguntar como, de fato, funciona um vulcão por dentro.
Para esclarecer esse fenômeno natural tão temido quanto fascinante, o geólogo e vulcanologista Dr. Ricardo Mello explicou os principais aspectos internos dessas montanhas de fogo. Segundo ele, “um vulcão está sempre vivo, mesmo quando parece calmo — cheio de pressão por dentro e pronto para explodir quando as condições se alinham.”
De maneira simplificada, um vulcão funciona como uma válvula de escape para o interior da Terra. A crosta terrestre não é uma camada contínua, mas sim composta por grandes blocos chamados placas tectônicas.
Abaixo delas, está o manto terrestre — uma região extremamente quente, onde o calor intenso transforma rochas sólidas em magma, uma massa derretida rica em gases. Quando essa pressão se acumula, ela procura uma saída: o vulcão.
“Imagine uma panela de pressão sendo aquecida continuamente. Em algum momento, ela precisa liberar o vapor. O vulcão é essa válvula natural”, explica o especialista.
O magma sobe por um conduto interno chamado chaminé vulcânica até chegar à cratera, onde pode ser expelido em forma de lava, gases tóxicos, rochas e cinzas. A força da erupção depende de vários fatores: quantidade de gás, densidade do magma, estrutura da crosta e até eventos sísmicos.
Câmara magmática, lava e perigo constante
No interior de um vulcão, há estruturas fundamentais para seu funcionamento. A principal delas é a câmara magmática, um reservatório subterrâneo que armazena o magma antes da erupção.
Quando essa câmara se enche demais ou sofre perturbações, o material é empurrado para cima com força. A lava que sai durante as erupções é o magma que alcançou a superfície, agora liberado da pressão dos gases.
O Monte Rinjani, por exemplo, é considerado um vulcão ativo, apesar de não estar em erupção no momento. Isso significa que ele ainda possui movimentação subterrânea e risco real de atividade.
Trilhas próximas à cratera, como a que Juliana percorreu, são consideradas perigosas justamente por estarem sobre esse sistema instável.
Especialistas alertam que a beleza desses locais esconde um perigo constante. “É fundamental respeitar limites, sinalizações e sempre estar com guias experientes”, reforça Dr. Ricardo.