Brasil, 2025 — O Governo do Amazonas deu um passo inédito ao lançar um projeto habitacional que utiliza plástico reciclado como principal matéria-prima para a construção de moradias populares. As casas, com 50 metros quadrados, ficam prontas em até cinco dias, contam com dois quartos, sala, cozinha e banheiro e são montadas a partir de blocos de encaixe, dispensando grande parte dos materiais tradicionais da construção civil. A iniciativa busca responder a três desafios históricos do estado: o déficit habitacional, o acúmulo de lixo plástico e a necessidade de geração de renda para populações vulneráveis.
Apresentado durante a inauguração do Centro de Reciclagem da Defesa Civil, em Manaus, o projeto integra o Projeto Amazonas Ecolar, que une políticas públicas de habitação e economia circular. A proposta parte do princípio de que resíduos descartados de forma irregular podem se transformar em solução concreta para milhares de famílias que ainda vivem sem moradia adequada.

Casas modulares unem rapidez, conforto e sustentabilidade
As moradias projetadas pelo Governo do Amazonas seguem uma planta simples, pensada especialmente para famílias de baixa renda. Com dois quartos, sala integrada, cozinha e banheiro, o modelo prioriza funcionalidade e conforto térmico, essencial para o clima quente e úmido da região amazônica.
O uso de blocos de plástico reciclado reduz drasticamente a dependência de cimento, tijolos e outros insumos convencionais, além de acelerar o processo de construção. O sistema de encaixe permite que uma casa seja erguida em poucos dias, diminuindo custos de mão de obra e prazos de entrega. Outro diferencial é a possibilidade de ampliação futura, já que a estrutura modular facilita adaptações conforme a realidade financeira das famílias beneficiadas.
Centro de Reciclagem fortalece a economia circular no estado
O plástico utilizado na fabricação dos blocos será processado no novo Centro de Reciclagem da Defesa Civil, que entra em operação com capacidade inicial para reaproveitar até 80 toneladas de resíduos por mês. Antes da criação do espaço, grande parte do plástico recolhido no Amazonas precisava ser enviada para outros estados, elevando custos logísticos e dificultando o reaproveitamento local.
Com a reciclagem concentrada em Manaus, o governo pretende reduzir despesas, fortalecer a cadeia regional de tratamento de resíduos e dar destino mais eficiente ao lixo urbano. A expectativa é de crescimento gradual do volume processado, à medida que mais cooperativas e associações passem a integrar o fornecimento de matéria-prima, criando um fluxo contínuo para a produção das novas moradias.
Catadores ganham renda e protagonismo social
Um dos pilares centrais do projeto é a inclusão social dos catadores de materiais recicláveis. Cooperativas e associações locais serão responsáveis por abastecer o centro com plástico, garantindo uma demanda permanente pelo material coletado nas ruas.
Ao transformar resíduos em casas populares, o programa cria uma cadeia produtiva que começa na coleta do lixo e termina no canteiro de obras. A iniciativa amplia a renda dos catadores, reconhece seu papel ambiental e devolve à sociedade um produto de alto impacto social. Além das moradias, o modelo poderá ser aplicado futuramente na construção de escolas e outros equipamentos públicos, consolidando uma política que une sustentabilidade, habitação e justiça social.