A morte do ex-jogador Mario Pineida, de 33 anos, chocou o meio esportivo e ampliou o debate sobre a escalada da violência no Equador. O lateral, que teve passagem pelo Fluminense e defendia o Barcelona de Guayaquil, foi assassinado a tiros em Guayaquil, uma das cidades mais afetadas pela crise de segurança no país. O crime ocorreu em circunstâncias que reforçam o clima de medo vivido por moradores e até por figuras públicas.
Segundo informações da imprensa local, Pineida caminhava acompanhado da esposa e da mãe quando foi surpreendido por homens armados em frente a um açougue, no bairro de Sanales. Os disparos foram fatais para o jogador e sua companheira. A mãe do atleta ficou ferida, foi socorrida e encaminhada para atendimento médico. O ataque aconteceu poucas horas depois de Pineida ter solicitado proteção especial às autoridades, alegando que vinha recebendo ameaças de morte.

Pedido de proteção e sinais de ameaça ignorados
Um dos aspectos que mais causou comoção no caso foi o fato de o atleta ter procurado ajuda oficial antes do crime. De acordo com relatos divulgados no Equador, Mario Pineida havia manifestado preocupação com sua segurança e relatado ameaças diretas. O presidente do Barcelona de Guayaquil confirmou publicamente que o jogador vinha demonstrando medo e insegurança nos dias que antecederam o ataque.
Apesar do alerta, não houve tempo para que medidas efetivas fossem implementadas. O episódio expõe falhas graves na capacidade de resposta do Estado diante de situações de risco, especialmente em um país que enfrenta o avanço de facções criminosas, aumento de homicídios e disputas ligadas ao tráfico de drogas. A execução de Pineida, em plena via pública e durante o dia, reforça a sensação de impunidade que tem alimentado a violência.
Trajetória no futebol e reconhecimento internacional
Mario Pineida construiu uma carreira marcada pela regularidade e pela identificação com os clubes por onde passou. Revelado no futebol equatoriano, ele ganhou projeção internacional e chegou ao Fluminense em 2022, onde integrou o elenco campeão do Campeonato Carioca. Mesmo com passagem breve, deixou boa impressão pela postura profissional e pela dedicação em campo.
No Equador, Pineida era considerado um jogador carismático e respeitado. O Barcelona de Guayaquil divulgou nota oficial lamentando profundamente a perda, destacando a importância do atleta para a história recente do clube. O Fluminense também se manifestou, expressando solidariedade à família e lembrando a contribuição do lateral ao futebol brasileiro. As homenagens se estenderam a jogadores, torcedores e dirigentes de diferentes países.
Violência no Equador e o impacto no esporte
A tragédia envolvendo Pineida não é um caso isolado. Nos últimos meses, outros atletas e figuras ligadas ao esporte equatoriano foram vítimas de atentados, sequestros e ameaças. O futebol, tradicionalmente visto como símbolo de ascensão social e proteção, passou a refletir a mesma vulnerabilidade enfrentada pela população em geral.
O assassinato de um jogador conhecido internacionalmente ganhou repercussão justamente por evidenciar que nem a fama, nem o reconhecimento público, são suficientes para garantir segurança em um cenário de criminalidade crescente. Mais do que uma perda irreparável para o esporte, a morte de Mario Pineida expõe um problema estrutural que ultrapassa os gramados.
O caso reacende cobranças por políticas de segurança mais eficazes e por ações concretas que impeçam que histórias como essa se repitam. Enquanto homenagens e mensagens de pesar se multiplicam, permanece o alerta: a violência, quando normalizada, atinge todos — inclusive aqueles que pareciam viver sob os holofotes do sucesso.