O Brasil guarda na memória a história de uma professora que se tornou símbolo de coragem e dedicação à vida. Helley de Abreu Batista, vítima de um incêndio criminoso em uma creche em Janaúba, Minas Gerais, em 2017, ficou marcada por seu gesto heroico de proteger as crianças diante de uma tragédia que comoveu o país. Aos 43 anos, sua vida foi interrompida de forma brutal, mas o legado de amor e bravura permanece como exemplo de compromisso com a educação e com a humanidade.
Na manhã de 5 de outubro de 2017, a rotina da Creche Gente Inocente, em Janaúba, foi rompida por um ato de violência inesperado. O vigia do local, que trabalhava na unidade, espalhou combustível e ateou fogo dentro da sala de aula. Diante do caos, Helley não hesitou: enfrentou as chamas para salvar o maior número possível de crianças.
Segundo relatos de sobreviventes, a professora retirou várias crianças do ambiente tomado pelo fogo e sofreu queimaduras graves em praticamente todo o corpo. Levou a marca da coragem até o fim, resistindo por algumas horas antes de morrer no hospital. Ao todo, nove crianças também perderam a vida no incêndio, além do autor do crime. A tragédia se tornou uma das maiores já registradas em instituições de ensino no Brasil.
Uma trajetória marcada pela dedicação ao ensino
Natural de Janaúba, Helley era reconhecida pela paixão em ensinar e pelo vínculo estreito com a comunidade escolar. Casada e mãe de três filhos, dedicava a vida ao trabalho com crianças pequenas. Para colegas e familiares, era exemplo de sensibilidade, firmeza e vocação.
O gesto de se colocar em risco para salvar seus alunos não surpreendeu quem convivia com ela. Pais relatam que Helley sempre demonstrava um cuidado maternal dentro da sala de aula, tratando cada criança como parte da própria família. Sua morte mobilizou não apenas a cidade, mas todo o país, que se uniu em homenagens e pedidos de justiça.
Legado de coragem e reconhecimento nacional
Após a tragédia, Helley de Abreu Batista foi reconhecida como heroína nacional. Seu nome foi incluído em diversas homenagens, como a medalha da Ordem Nacional do Mérito, concedida postumamente pelo então presidente da República. Escolas, praças e projetos sociais em diferentes estados passaram a carregar o nome da professora, perpetuando sua memória como símbolo de coragem e amor incondicional.
Mais do que as homenagens oficiais, o que permanece é a lembrança de uma mulher que se recusou a recuar diante do perigo e escolheu proteger vidas inocentes. Sua história expõe também a necessidade de refletir sobre a segurança em espaços escolares e a valorização dos profissionais da educação, muitas vezes expostos a riscos que vão além da sala de aula.
O sacrifício de Helley não pode ser reduzido a um episódio trágico. Ele representa a essência do compromisso humano em sua forma mais pura: colocar o bem do outro acima da própria vida. Assim, seu nome se eterniza como símbolo da bravura que inspira e da educação que transforma.