Brasil, 2025 – Histórias que envolvem conflitos familiares sempre chamam atenção pela carga emocional que carregam. Recentemente, um relato feito por uma mãe ganhou repercussão nas redes sociais ao expor uma dificuldade dolorosa: ela afirmou não conseguir sentir afeto pela filha de 12 anos.
Apesar de todo o esforço em cumprir seu papel de cuidadora. O desabafo abriu espaço para uma reflexão delicada sobre maternidade, saúde mental e a forma como a sociedade encara as expectativas sobre as mulheres.
O peso da maternidade idealizada
Desde cedo, a figura materna é associada à ideia de amor incondicional, dedicação total e vínculos profundos. No entanto, a realidade de muitas mulheres é marcada por contradições internas e sentimentos de frustração.
A mãe em questão explicou que cuida da filha, garante seus estudos e alimentação, mas sente que não consegue estabelecer uma relação afetiva verdadeira. A fala, embora chocante para muitos, reflete um tema pouco debatido: a maternidade real, longe do ideal romantizado.
Especialistas em psicologia apontam que situações como essa podem estar relacionadas a transtornos emocionais, como depressão pós-parto não tratada, traumas de infância ou mesmo conflitos não resolvidos na vida da mulher. Com o tempo, esses fatores podem se transformar em barreiras para a criação de vínculos afetivos, afetando tanto a mãe quanto a criança.
Impactos na vida da filha e na dinâmica familiar
Aos 12 anos, fase marcada por mudanças físicas e emocionais intensas, a filha certamente percebe sinais da ausência de afeto. Crianças e adolescentes que não recebem demonstrações de carinho podem desenvolver baixa autoestima, insegurança e dificuldades nos relacionamentos futuros. A sensação de rejeição, mesmo que não verbalizada, pode acompanhar a jovem por toda a vida, tornando essencial que haja intervenção precoce.
Por outro lado, a mãe também sofre. O sentimento de não corresponder ao que a sociedade espera dela gera culpa, vergonha e medo do julgamento alheio. Esse ciclo, em que ambas são prejudicadas, pode se perpetuar se não houver acolhimento e apoio psicológico.
A importância do acolhimento e da busca por ajuda
Casos como esse revelam a necessidade de desconstruir o mito da maternidade perfeita. Nem todas as mulheres sentem de imediato ou da mesma forma o amor pelos filhos, e isso não as torna monstros, mas sim pessoas que precisam de ajuda. Reconhecer a dificuldade já é um primeiro passo corajoso.
Profissionais de saúde mental reforçam que terapia familiar e acompanhamento psicológico podem ser decisivos para reconstruir o vínculo entre mãe e filha. Além disso, grupos de apoio e espaços de escuta podem ajudar mães a compartilhar experiências semelhantes, quebrando o silêncio que tantas vezes gera sofrimento solitário.
A repercussão do relato dessa mãe de 12 anos expôs um tema tabu, mas necessário. O amor materno, embora fortemente idealizado, também pode ser atravessado por desafios, bloqueios e dores internas. Ao falar sobre isso, ela não apenas busca ajuda para si, mas também contribui para que outras mulheres encontrem coragem de assumir suas próprias dificuldades.
No fim, a história evidencia que maternidade não é sinônimo automático de plenitude, mas um processo humano, complexo e cheio de nuances, que precisa ser olhado com mais empatia e menos julgamento.