A Justiça do Amazonas determinou a suspensão dos registros profissionais da médica Juliana Brasil e da técnica de enfermagem Raiza Bentes, investigadas pela morte do menino Benício Xavier, de apenas 6 anos. As duas são suspeitas de envolvimento na aplicação de uma superdosagem de adrenalina diretamente na veia da criança, o que teria provocado uma sequência de paradas cardíacas. A decisão judicial foi tomada após análise de órgãos de fiscalização profissional, que apontaram riscos à sociedade caso a médica continuasse exercendo a profissão.
O caso segue sob investigação e tem causado forte repercussão no estado, principalmente pela gravidade das acusações e pela idade da vítima. Benício chegou a sofrer seis paradas cardíacas, segundo informações do inquérito, antes de ter a morte confirmada.

Conselho aponta risco à sociedade e Justiça suspende registros
A suspensão dos registros foi determinada após o conselho profissional responsável pelo caso concluir que a médica não reunia condições seguras para continuar atuando, representando potencial risco a outros pacientes. Esse entendimento pesou diretamente na decisão judicial, que optou pelo afastamento imediato das profissionais de suas funções.
Apesar da gravidade das acusações, o pedido de prisão preventiva feito durante a apuração foi negado. A Justiça considerou, neste momento, que a retirada das investigadas do exercício profissional seria uma medida suficiente para resguardar a sociedade enquanto o processo segue em andamento. A decisão, no entanto, não impede que novas medidas sejam adotadas caso surjam elementos adicionais no curso das investigações.
A técnica de enfermagem Raiza Bentes também teve seu registro suspenso de forma cautelar. As autoridades avaliam a participação direta de cada uma no procedimento que culminou na morte da criança, incluindo quem autorizou, aplicou ou supervisionou a administração da substância.
Indiciamento por homicídio e suspeita de irregularidades profissionais
Juliana Brasil e Raiza Bentes foram indiciadas por homicídio, conforme conclusão parcial do inquérito policial. No caso da médica, as investigações avançaram para além da conduta durante o atendimento ao menino Benício. Ela também responde por falsidade ideológica e uso de documento falso.
Segundo apurado, Juliana utilizava carimbo de pediatra, apesar de não possuir registro na especialidade. Oficialmente, ela atuava como clínica geral, o que levanta suspeitas sobre o exercício irregular da medicina em atendimentos que exigiriam formação específica. A irregularidade pode agravar sua situação jurídica e administrativa, tanto no âmbito criminal quanto ético-profissional.
As autoridades apuram se houve negligência, imperícia ou imprudência na conduta adotada durante o atendimento, especialmente considerando a dosagem administrada e a via de aplicação do medicamento, fatores considerados críticos em casos pediátricos.
Caso Benício reacende debate sobre segurança no atendimento pediátrico
A morte de Benício Xavier provocou comoção entre familiares, profissionais da saúde e a população em geral. O caso reacendeu discussões sobre segurança em atendimentos de urgência, fiscalização do exercício profissional e a atuação de médicos fora de suas especialidades.
Especialistas ressaltam que a adrenalina é um medicamento de uso delicado, especialmente em crianças, e que qualquer erro de dosagem ou via de administração pode ter consequências graves. O episódio reforça a importância do cumprimento rigoroso de protocolos médicos, treinamento adequado das equipes e fiscalização efetiva dos conselhos profissionais.
Enquanto o processo segue, familiares do menino aguardam por justiça e responsabilização. O inquérito continua em andamento, e novas diligências devem ser realizadas para esclarecer todos os detalhes do caso. A depender das conclusões finais, as investigadas poderão enfrentar sanções administrativas definitivas, além de responder criminalmente na Justiça comum.