A laqueadura, método cirúrgico bastante procurado por mulheres que desejam interromper definitivamente a possibilidade de engravidar, voltou a ser tema de debate após um alerta feito pelo médico ginecologista e obstetra Dr. Luiz Roberto Farias. Em entrevista recente, o especialista levantou preocupações sobre possíveis riscos associados ao procedimento, incluindo a chance de desenvolvimento de tumores dentro da cavidade abdominal.
Embora considerada segura e eficaz, a laqueadura consiste na obstrução ou corte das tubas uterinas para impedir a passagem dos óvulos até o útero. É uma cirurgia relativamente rápida e, na maioria das vezes, realizada por videolaparoscopia, com pequenas incisões no abdômen. Contudo, segundo o médico, mesmo sendo pouco frequentes, existem complicações que merecem atenção.
“Há estudos sugerindo que a alteração da circulação sanguínea na região das tubas pode gerar inflamações crônicas e, em alguns casos, favorecer a formação de cistos ou tumores benignos na cavidade abdominal. Não é algo comum, mas é um risco que as mulheres devem conhecer antes de decidir pela laqueadura”, explicou Dr. Farias.
Riscos são baixos, mas mulheres devem ser informadas
Dr. Luiz Roberto esclarece que o risco de tumores malignos não está diretamente associado ao procedimento em si, mas que podem ocorrer formações de tecidos anormais, como fibroses ou pequenos nódulos benignos, dependendo da resposta individual do organismo. “A laqueadura não causa câncer diretamente, mas a inflamação gerada em algumas mulheres pode predispor a alterações celulares. Por isso, exames de acompanhamento continuam sendo fundamentais, mesmo após a cirurgia”, destacou o médico.
Além disso, o especialista lembrou que qualquer cirurgia abdominal está sujeita a complicações como aderências internas, dores pélvicas persistentes ou alterações no ciclo menstrual. Apesar disso, reforça que a laqueadura continua sendo uma opção segura para muitas mulheres, desde que realizada com critério e acompanhamento médico.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Ministério da Saúde, inclusive, reforçam que o procedimento é um direito da mulher, mas exigem consentimento informado, no qual as pacientes devem receber todas as orientações sobre benefícios, riscos e alternativas disponíveis.
Importância do acompanhamento médico após o procedimento
Outro ponto ressaltado pelo Dr. Farias é a importância do acompanhamento ginecológico regular após a laqueadura. “Muitas mulheres acreditam que, por não correrem mais risco de engravidar, podem deixar de ir ao ginecologista, mas isso é um equívoco. O útero, os ovários e outras estruturas continuam suscetíveis a doenças, e qualquer sintoma anormal deve ser investigado”, afirmou.
Entre os sinais de alerta que merecem atenção estão dores abdominais persistentes, alterações menstruais, inchaços ou desconforto pélvico. O médico orienta que mulheres que já fizeram a laqueadura ou que pretendem realizar o procedimento conversem abertamente com seus médicos sobre possíveis riscos e benefícios, garantindo uma decisão segura e consciente.
A recomendação é que a laqueadura seja encarada como um passo importante na vida reprodutiva, e que o acesso à informação clara e correta seja prioridade para todas as mulheres.