Moradores Denunciam Tortura Dos Policia Em Operação No Rio, Arrancaram Mui…Ver mais

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A operação policial realizada nesta terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, entrou para a história como a mais violenta e letal já registrada na capital fluminense.

A ação, oficialmente direcionada ao combate ao tráfico de drogas, resultou em pelo menos 119 mortos, segundo dados do governo estadual. No entanto, relatos de moradores, parentes das vítimas e da Associação de Moradores do Parque Proletário da Penha apontam para execuções sumárias, torturas e mutilações — um cenário descrito por muitos como uma verdadeira carnificina.

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Moradores relatam horror e impedimento de socorro

Durante a madrugada, o som de tiros e explosões dominou as comunidades. Moradores relataram que, ao tentarem socorrer feridos, foram impedidos de avançar pelos próprios policiais. Um jovem de 25 anos, que não quis se identificar, contou à reportagem da Agência Brasil que entrou na mata por volta das 3h da manhã, mesmo sob intenso tiroteio, na tentativa de salvar vítimas.

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“Eles não paravam de atirar, tacar bomba de gás. A gente teve que se proteger no meio dos corpos para continuar ajudando”, relatou. O homem revelou que o cenário encontrado era devastador: corpos sem camisa, fuzilados, com sinais de tortura, dedos e mãos decepados, e até decapitações. Ele afirmou ter encontrado o corpo do próprio primo, identificado como Ravel, em meio à vegetação, com a cabeça separada do corpo.

De acordo com o morador, vários vídeos e áudios recuperados de celulares das vítimas mostram homens se rendendo, jogando suas armas e pedindo perdão antes de serem mortos. “Teve gente que se ajoelhou, que pediu para viver. Eles se entregaram, e mesmo assim foram executados”, disse.

Associação denuncia execuções e critica demora no socorro

O presidente da Associação de Moradores do Parque Proletário, Erivelton Vidal Corrêa, confirmou à imprensa que a operação foi marcada por brutalidade e falta de assistência. Segundo ele, desde as 19h de terça-feira, famílias tentavam subir o morro em busca dos desaparecidos, mas eram impedidas pela força policial.

“Se o socorro tivesse sido autorizado a subir antes, muitos poderiam ter sobrevivido”, lamentou Erivelton. A entidade chegou a transportar seis feridos até o Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas todos chegaram sem vida. Testemunhas relatam que os corpos foram deixados em frente à associação comunitária, na Praça São Lucas, na localidade de Vila Cruzeiro, um dos pontos mais atingidos pela ação.

Ação classificada como carnificina e alvo de investigação

A estratégia policial, segundo as autoridades, era cercar a área com agentes do Bope para impedir a fuga dos suspeitos pela mata. No entanto, a execução do plano resultou em um confronto desproporcional e sangrento, que agora será alvo de investigações da Polícia Civil e de órgãos de direitos humanos.

O governo do estado mantém a versão de que todos os mortos seriam criminosos abatidos em confronto, mas as imagens e os testemunhos colhidos nas comunidades levantam sérias dúvidas sobre a legalidade da operação. Para os moradores, o que ocorreu foi uma chacina sem precedentes, marcada por abuso de poder e falta de controle.

Enquanto as famílias aguardam a liberação dos corpos no Instituto Médico-Legal, o Rio de Janeiro amanhece sob luto e revolta. A cena de dezenas de corpos dispostos diante de uma associação comunitária tornou-se símbolo de um dia em que a guerra às drogas se confundiu com a guerra contra os próprios cidadãos.

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