Um caso estarrecedor chegou ao fim no Noroeste do Rio Grande do Sul com a condenação de um motorista de transporte escolar a uma pena de 100 anos, dois meses e 20 dias de prisão. O homem foi considerado culpado por uma série de estupros cometidos contra crianças e adolescentes, incluindo duas filhas, enteadas e alunas com deficiência intelectual.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), os crimes foram praticados ao longo de 12 anos, entre 2012 e 2024, período em que o condenado trabalhava como servidor público. Durante esse tempo, ele utilizava a função de motorista do ônibus escolar municipal para se aproximar e abusar das vítimas, que em sua maioria tinham menos de 14 anos.
As investigações revelaram um padrão de violência contínua, marcado por abusos cometidos tanto dentro do ambiente familiar quanto durante os trajetos escolares. O aproveitamento da relação de confiança e da condição de servidor público foram fatores destacados pela Justiça no agravamento da pena.
Provas e depoimentos sustentaram a condenação
Para chegar à sentença, a Justiça levou em conta um conjunto robusto de evidências: depoimentos das vítimas e familiares, relatórios psicológicos, laudos periciais, imagens de monitoramento do ônibus escolar e testemunhos de policiais civis.
O TJRS concluiu que os crimes foram cometidos com dolo, ou seja, de forma consciente e deliberada, deixando claro que o réu tinha plena intenção de praticar os abusos. Essa conclusão foi fundamental para fixar a pena em mais de um século de reclusão.
Perda de cargo, poder familiar e indenizações
Além da pena de prisão, a Justiça determinou a perda do cargo público do condenado e também a perda do poder familiar em relação a uma de suas filhas. Outro ponto importante da decisão foi a fixação de uma indenização mínima de R$ 10 mil para cada vítima, a título de danos morais. Atualmente, o homem encontra-se preso preventivamente e, conforme a sentença, deve permanecer detido para cumprir a pena.
A condenação, embora não apague o sofrimento das vítimas, é vista como uma resposta firme da Justiça diante de crimes tão graves e prolongados. O caso também reacende o debate sobre a importância de mecanismos de fiscalização e proteção de crianças e adolescentes, especialmente em ambientes onde a confiança familiar e institucional deveria ser sinônimo de segurança, mas acabou sendo explorada para o crime.