Nos últimos meses, casos de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas voltaram a ganhar destaque no Brasil e em outros países da América Latina. A substância, muitas vezes utilizada de forma ilegal para baratear a produção de destilados e outras bebidas, representa um risco extremo à saúde humana, sendo capaz de causar cegueira, falência múltipla de órgãos e até a morte em poucas horas. Um dos episódios mais recentes envolveu a morte de uma mulher após consumir um produto contaminado, acendendo um alerta sobre a fiscalização e o consumo responsável.
O metanol é um tipo de álcool industrial, encontrado em solventes, combustíveis e produtos de limpeza. Diferente do etanol, usado na produção de bebidas alcoólicas comuns, ele não é seguro para ingestão. Pequenas quantidades já são suficientes para provocar graves intoxicações. No corpo, o metanol é metabolizado em ácido fórmico, substância altamente tóxica que afeta principalmente o sistema nervoso central, a visão e os rins.
Quando incorporado de forma criminosa em bebidas, o consumidor dificilmente percebe a diferença: a cor, o sabor e até o cheiro podem parecer idênticos aos de uma bebida regular. Essa característica torna os casos ainda mais preocupantes, já que a vítima só percebe os efeitos após a ingestão, muitas vezes quando já é tarde demais.

Casos em série e a dificuldade de fiscalização
Nos últimos anos, autoridades de saúde têm registrado vazamentos de informações e denúncias sobre lotes clandestinos de bebidas contendo metanol. Relatos apontam festas, bares e distribuições ilegais como pontos de maior risco. Em alguns estados, garrafas apreendidas em operações policiais apresentaram concentrações elevadas da substância, confirmando a adulteração.
Esses casos não se limitam ao Brasil. Em países como México, Peru e República Dominicana, dezenas de pessoas já morreram após consumir destilados contaminados. As investigações revelam um padrão: produtores clandestinos utilizam metanol para reduzir custos e aumentar a margem de lucro, colocando em risco a vida de centenas de consumidores.
No caso recente que ganhou repercussão nacional, a mulher que morreu após ingerir a bebida contaminada apresentou sintomas rápidos: forte dor de cabeça, náusea, perda da visão e convulsões. Mesmo levada ao hospital, não resistiu aos danos causados pela substância.
Medidas preventivas e conscientização da população
A reincidência desses casos demonstra que apenas a fiscalização não é suficiente. É necessário investir em campanhas de conscientização, alertando a população sobre os riscos de consumir bebidas de procedência duvidosa. Especialistas recomendam sempre verificar o selo de autenticidade, a integridade da embalagem e desconfiar de preços muito abaixo do mercado.
Outro ponto crucial é o atendimento médico rápido. Pacientes intoxicados por metanol podem sobreviver se receberem tratamento imediato com etanol intravenoso ou fomepizol, substâncias capazes de bloquear a metabolização tóxica. Por isso, reconhecer os sintomas iniciais pode salvar vidas.
Enquanto as autoridades buscam frear o avanço dessa prática criminosa, cresce a preocupação com a circulação de bebidas falsificadas em larga escala. O caso da mulher que morreu serve como alerta: o consumo seguro depende tanto da fiscalização quanto da responsabilidade individual na hora da escolha do que beber.