Brasil, 2025 – O caso da morte de Fabiana Vieira dos Reis Bezerra, de 35 anos, após uma cirurgia estética no Hospital da Plástica de Brasília, segue em investigação e levanta discussões sobre a segurança em clínicas especializadas que não contam com estrutura completa de atendimento hospitalar.
A dona de casa, moradora do Gama, sonhava há anos com a transformação estética por meio de lipoescultura e abdominoplastia, mas a realização do desejo terminou em tragédia ainda no período de recuperação.
O que aconteceu durante a cirurgia e os primeiros sinais de complicação
Segundo o registro da ocorrência, Fabiana entrou no centro cirúrgico na tarde de segunda-feira de carnaval, por volta das 16h, e a operação terminou apenas às 22h. Pouco depois de ser levada à sala de recuperação, ela começou a apresentar sinais de parada cardíaca.
A equipe médica, composta pelo cirurgião responsável, um anestesista e outros profissionais, tentou reanimá-la por cerca de uma hora, mas sem sucesso. O óbito foi confirmado às 23h30.
Um ponto que chamou atenção foi a ausência de UTI dentro da clínica, algo permitido pela legislação por se tratar de uma unidade classificada como “tipo 3”. Isso significa que o estabelecimento tem autorização para realizar procedimentos cirúrgicos, mas não é obrigado a manter estrutura intensiva. Ainda assim, a situação levantou questionamentos, já que os minutos iniciais de uma emergência cardíaca são decisivos para salvar a vida do paciente.
Contradições nos relatos e investigações em andamento
Enquanto o dono da clínica afirmou em depoimento que houve atendimento imediato com a participação de um anestesista, uma amiga que acompanhava Fabiana disse à polícia que a primeira tentativa de reanimação partiu de uma enfermeira.
Segundo ela, a UTI móvel só chegou quase meia hora após a parada cardíaca, quando já não havia mais resposta da paciente. Relatos de enfermeiras chorando durante o episódio reforçam a dramaticidade do momento e aumentam a pressão sobre a investigação.
O delegado Gerson Salles, chefe da 1ª Delegacia de Polícia da Asa Sul, aguarda o laudo cadavérico e toxicológico do Instituto de Medicina Legal (IML) para confirmar a causa da morte. Paralelamente, o Conselho Regional de Medicina (CRM-DF) e a Secretaria de Saúde foram acionados para verificar a regularidade da clínica e os protocolos seguidos. Apesar da tragédia, o hospital tinha licença sanitária válida e havia passado por inspeção em outubro do ano anterior.
Sonho interrompido e reflexos para a segurança de pacientes
Fabiana vinha planejando a cirurgia há pelo menos três anos e desembolsou cerca de R$ 18 mil à vista para realizar o procedimento, valor que incluía a clínica e os honorários médicos. Segundo amigas, ela estava animada por finalmente realizar um sonho pessoal. O caso reacendeu o debate sobre a vulnerabilidade de pacientes em clínicas que, embora regulares, não oferecem suporte hospitalar integral.
Colegas de Fabiana que já haviam passado por procedimentos semelhantes com o mesmo cirurgião relataram experiências positivas, mas reconheceram que poucos pensam em riscos graves ao optar por cirurgias eletivas. A morte inesperada da dona de casa agora expõe não apenas a dor de familiares e amigos, mas também a necessidade de reforçar protocolos de segurança em cirurgias plásticas, especialmente em unidades sem UTI.
O laudo do IML será decisivo para determinar se houve negligência ou se a morte decorreu de uma fatalidade médica, mas o episódio já coloca em evidência um alerta: a busca por transformações estéticas exige não só planejamento financeiro, mas também a análise criteriosa da estrutura hospitalar disponível.