Mulher de 18 Anos M0rre Após Arrancar Dentes na UPA e Acab…Ver mais

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A morte da jovem Isadora Belon Albanese, de apenas 18 anos, após complicações decorrentes de uma cirurgia para extração de dentes do siso, tem provocado forte comoção e ampla repercussão nas redes sociais. O caso aconteceu em Porto Feliz, no interior de São Paulo, no mês de abril, e voltou ao centro do debate público após ser tema de uma reportagem exibida no Fantástico, da TV Globo, neste domingo, dia 16.

O episódio levantou questionamentos sobre protocolos médicos, orientação aos pacientes, tempo de atendimento especializado e os riscos, ainda que raros, associados a procedimentos considerados simples e rotineiros na odontologia.

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Procedimento odontológico e agravamento rápido do quadro clínico

Segundo relataram os pais de Isadora à reportagem, a jovem passou inicialmente, em março, por uma extração de dois dentes do siso do lado direito da boca. Na ocasião, apresentou inchaço e dores compatíveis com o esperado para esse tipo de procedimento, sem intercorrências graves.

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A situação mudou no dia 19 de abril, quando Isadora retornou a uma clínica odontológica de Porto Feliz para a extração dos dois dentes do siso do lado esquerdo da boca. De acordo com a família, os sintomas evoluíram de forma diferente. Dois dias após a cirurgia, em 21 de abril, a jovem passou a sentir dores intensas, que a impediam de dormir.

A mãe contou que Isadora chegou ao quarto dos pais gritando de dor, afirmando que não suportava mais o sofrimento. Ao entrarem em contato com a dentista responsável, receberam a orientação de que o quadro poderia ser esperado, com a troca do antibiótico. Ainda segundo o relato, a jovem apresentou episódios de falta de ar no mesmo período.

No decorrer do dia, Isadora também teve vômitos, o que levou a família a decidir levá-la a um hospital. No entanto, conforme relatado pelos pais, a jovem precisava de atendimento com um especialista em cirurgia bucomaxilofacial, profissional responsável por tratar infecções e complicações desse tipo.

Atendimento hospitalar, cirurgia e morte na UTI

De acordo com a família, Isadora só foi avaliada por um especialista na manhã do dia seguinte, por volta das 11h. Naquele momento, o quadro de infecção já era considerado grave. Diante da situação, foi indicada uma cirurgia de drenagem na região onde o dente havia sido extraído.

Durante o procedimento, Isadora sofreu uma parada cardíaca que durou cerca de quatro minutos. Após ser reanimada, foi encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No entanto, seu estado de saúde continuou a se deteriorar. Pouco tempo depois, a jovem teve outra parada cardíaca e morreu às 6h15 do dia 23 de abril.

Em nota enviada ao Fantástico, o Hospital Modelo de Sorocaba, onde Isadora foi atendida, informou que exames realizados apontaram um quadro já avançado de infecção, que evoluiu para infecção generalizada, apesar da administração de medicamentos. A unidade também afirmou que o médico responsável pela cirurgia era especialista em procedimentos bucomaxilares e que todas as normas técnicas foram seguidas, embora os esforços não tenham sido suficientes para evitar o desfecho.

Procurado posteriormente, o hospital não respondeu aos questionamentos adicionais feitos por outros veículos de imprensa.

Caso raro, debate público e pedido por mudanças

Abalados pela perda repentina da filha, os pais de Isadora decidiram levar o caso às redes sociais. A mobilização ganhou força e resultou na coleta de mais de 60 mil assinaturas em um abaixo-assinado que pede a criação de uma normativa específica para a extração de dentes do siso, com o objetivo de ampliar a segurança dos pacientes e evitar novas tragédias.

Segundo a família, faltaram informações claras sobre riscos, sinais de alerta e cuidados pós-operatórios, especialmente diante da piora rápida do quadro. Eles defendem que procedimentos desse tipo tenham protocolos mais rígidos, sobretudo para jovens.

O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CRO-SP) informou à reportagem da TV Globo que recebeu o pedido, mas ressaltou que não é possível estabelecer uma norma única para a extração do siso, já que isso poderia ferir o princípio da autonomia profissional dos dentistas.

O especialista em cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial Sidney Neves, ouvido pelo Fantástico, destacou que a extração do dente do siso não é, em regra, um procedimento de risco elevado e que mortes associadas a esse tipo de cirurgia são extremamente raras. Ele explicou que infecções podem ocorrer após qualquer procedimento cirúrgico, embora a evolução rápida e fatal, como no caso de Isadora, seja incomum.

A dentista que realizou o atendimento, cujo nome não foi divulgado, afirmou ao programa que todas as medidas pré e pós-operatórias foram adotadas, que a família recebeu as orientações necessárias e que lamenta profundamente o ocorrido.

Enquanto as investigações e análises seguem, a história de Isadora reacende um debate delicado sobre segurança em procedimentos odontológicos, comunicação entre profissionais e pacientes e a importância de reconhecer sinais de agravamento de infecções, mesmo em intervenções consideradas simples.

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