Pintar o cabelo é, para muitas mulheres, um ritual de beleza e autoestima. Seja para cobrir fios brancos, experimentar novas cores ou simplesmente se sentir renovada, as idas frequentes ao salão se tornaram comuns. Mas para a professora Mariana Lopes, de 42 anos, esse hábito aparentemente inofensivo trouxe um susto que mudou sua rotina.
Durante mais de cinco anos, Mariana pintou o cabelo religiosamente todos os meses. Achava que estava apenas cuidando da aparência, sem imaginar que, pouco a pouco, acumulava no organismo substâncias químicas presentes nas tinturas.
Foi no início deste ano que começou a perceber sintomas estranhos: coceiras intensas no couro cabeludo, feridas que não cicatrizavam e uma queda acentuada de cabelo, algo que nunca havia enfrentado.
Inicialmente, pensou se tratar de alergia a algum produto. Porém, com o passar das semanas, começaram a surgir inchaços no rosto, sensação de formigamento nas mãos e até dificuldade para respirar após a aplicação da tintura.
Preocupada, procurou um dermatologista, que a encaminhou a um alergista. O diagnóstico a pegou de surpresa: dermatite de contato severa e sensibilização a substâncias químicas presentes em corantes capilares, principalmente a parafenilenodiamina (PPD), um composto muito utilizado em tinturas permanentes.
Quando beleza passa a ameaçar a saúde
Mariana foi orientada a parar imediatamente com qualquer tipo de coloração capilar. Além da dermatite, os médicos explicaram que a exposição constante a esses produtos pode desencadear reações mais graves, como crises alérgicas, problemas respiratórios e até alterações no sistema imunológico em pessoas suscetíveis. No caso dela, a sensibilidade chegou a um ponto tão alto que bastava o cheiro de tintura para provocar ardência nos olhos e tosse persistente.
A professora contou que sentiu vergonha, tristeza e medo, principalmente porque perdeu boa parte do cabelo. Teve que aprender a cuidar do couro cabeludo e passou a usar chapéus e lenços para se sentir mais confortável no dia a dia.
Além disso, precisou entrar em tratamento com medicamentos para controlar as inflamações e aliviar as coceiras, que eram tão fortes que a impediam de dormir à noite.
Os médicos alertam que, embora nem todas as pessoas desenvolvam reações tão graves, é fundamental observar sinais como coceira, ardência, vermelhidão ou inchaços após o uso de tinturas. Para quem gosta de pintar os cabelos, é recomendado fazer o teste de sensibilidade sempre que trocar de marca ou cor, e dar intervalos maiores entre as aplicações para evitar sobrecarga química no organismo.