Brasil, 2025 – Entre os fenômenos mais discutidos no campo da espiritualidade, as cartas psicografadas despertam curiosidade, fé e também controvérsias. Muitos acreditam que se trata de mensagens enviadas por entes queridos já falecidos, transmitidas por meio de médiuns.
Outros encaram com ceticismo, considerando apenas fruto da mente ou de interpretações emocionais. Casos em que mães afirmam receber recados de filhos que partiram cedo, por exemplo, geram comoção e reacendem o debate sobre a vida após a morte.
O que são cartas psicografadas
A psicografia é uma prática associada ao espiritismo kardecista, doutrina que se espalhou pelo Brasil a partir do século XIX. Segundo os princípios espíritas, médiuns recebem mensagens de espíritos e as transcrevem em forma de cartas. Essas mensagens muitas vezes trazem detalhes íntimos da vida do falecido, reconhecidos pelas famílias como provas de autenticidade. Para quem recebe, elas representam não apenas um contato com o ente querido, mas também uma forma de consolo diante da dor da perda.
No Brasil, médiuns como Chico Xavier ficaram conhecidos por realizar milhares de psicografias ao longo da vida. Muitos relatos apontam que cartas escritas por ele continham informações específicas, que apenas os familiares poderiam confirmar, fortalecendo a crença em sua legitimidade.
O impacto emocional nas famílias
Para mães que perderam filhos, receber uma carta psicografada é descrito como uma experiência transformadora. O suposto recado de um bebê ou de uma criança falecida, por exemplo, pode trazer conforto ao oferecer a ideia de que o vínculo entre mãe e filho não termina com a morte. Esse tipo de relato, quando divulgado, gera forte repercussão emocional, porque toca em um dos maiores sofrimentos humanos: o luto pela perda de um filho.
Ainda que não haja comprovação científica da comunicação com os mortos, estudiosos reconhecem que o efeito terapêutico das cartas psicografadas é real. Muitas famílias relatam sentir alívio, esperança e até motivação para continuar vivendo após receberem a mensagem.
Fé, ciência e controvérsia
Enquanto fiéis encontram na psicografia um sinal de que a vida continua em outra dimensão, setores científicos e religiosos mais tradicionais apontam que não há evidências concretas para validar esses contatos espirituais. Para a ciência, as cartas podem ser fruto do inconsciente dos médiuns ou mesmo de informações captadas de forma indireta.
Apesar disso, no Brasil, a prática continua a mobilizar milhares de pessoas em centros espíritas. Em muitos casos, familiares viajam longas distâncias na esperança de receber uma mensagem. Para alguns, é fé; para outros, apenas ilusão. Mas, em ambos os casos, o fato é que as cartas psicografadas cumprem um papel de relevância social: acolher a dor de quem perdeu alguém e oferecer uma forma de esperança diante da finitude da vida.