A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu um inquérito para investigar um possível caso de erro médico ocorrido no Hospital Semiu, na Vila da Penha, Zona Norte da cidade. A denúncia foi feita pela vendedora de roupas Luciene de Souza, de 27 anos, que afirma ter sofrido complicações graves após realizar uma cirurgia para implante de prótese de silicone.
Segundo a jovem, o procedimento, realizado em julho de 2024, transformou o que deveria ser a realização de um sonho em um pesadelo. Ela conta que perdeu completamente a visão, a audição e os movimentos do corpo logo após a operação. Quase dez meses depois, Luciene afirma ter recuperado apenas parte da visão, enquanto continua enfrentando limitações severas.
O sonho da cirurgia que virou pesadelo
Luciene contou que decidiu realizar o implante após dar à luz os dois filhos. Para isso, economizou mais de R$ 20 mil e aguardou ansiosamente pelo dia da cirurgia. Porém, durante o procedimento, segundo familiares, ela sofreu uma parada cardíaca.
“Estava tudo escuro e pensei que estava morta. Pedi a Deus em pensamento que não me deixasse ir embora, porque meus filhos precisavam de mim”, relatou. Ao recobrar a consciência, a vendedora percebeu que não ouvia e que estava paralisada do peito para baixo, situação que causou desespero imediato.
Ela também afirma que os médicos esqueceram de realizar os curativos nas mamas após o implante. Quando a equipe se deu conta, seus seios já apresentavam sinais de necrose. “Tinha um buraco no meu peito e, mesmo assim, a médica me deu alta”, disse.
Complicações e internações posteriores
Após a alta, Luciene foi levada ao Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, onde passou por novas cirurgias para retirada das próteses e reconstrução das mamas com enxertos retirados das pernas e do bumbum.
A técnica de enfermagem Dandara Castro, prima da jovem, relata que a família não recebeu explicações adequadas sobre o que teria ocorrido. “Ela foi submetida a duas cirurgias no Souza Aguiar, mas ninguém do hospital particular assumiu responsabilidade. Apenas disseram que houve uma parada cardíaca, e ficou por isso mesmo”, afirmou.
Hoje, Luciene vive com diversas limitações: precisa usar sonda urinária, desloca-se em cadeira de rodas e depende da ajuda de familiares e amigos. Apesar das dificuldades, ela afirma que continua lutando para recuperar sua autonomia.
Polícia investiga o caso como lesão corporal
Após meses tentando resolver a situação de forma amigável, a família decidiu registrar ocorrência na 27ª DP (Vicente de Carvalho). O caso foi formalizado como lesão corporal e segue em apuração.
Em nota, a Polícia Civil informou que já solicitou ao Hospital Semiu documentos relacionados ao procedimento e que agentes da delegacia responsável estão realizando diligências para esclarecer os fatos.
Enquanto a investigação segue, Luciene afirma que espera apenas justiça. “Hoje, só tenho 70% da visão e sigo sem andar e sem escutar. A única coisa que quero é que tudo isso seja esclarecido. Não desejo que nenhuma outra mulher passe pelo que eu passei”, desabafou.