Mulher Mata Sua Filha Enquanto Dormia Para Se Vingar do Ex-Marido Que…Ver mais
Teve início nesta terça-feira (16) o júri de Kauana Nascimento, acusada de matar a própria filha, Anna Pilar Cabrera, de 7 anos. O julgamento acontece no salão do júri do fórum de Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e tem previsão de encerramento até o fim desta terça-feira, conforme informou o Tribunal de Justiça.
O crime ocorreu em 9 de agosto de 2024 e causou grande comoção no estado. A sessão é presidida pelo juiz Flávio Curvello Martins de Souza e conta com a oitiva de testemunhas de acusação e defesa, além do interrogatório da ré.

Acusação aponta homicídio qualificado e versão inicial foi descartada
De acordo com o Ministério Público do Rio Grande do Sul, Kauana, que tinha 31 anos à época dos fatos, teria assassinado a filha dentro do apartamento onde moravam. Segundo a acusação, o crime ocorreu enquanto a criança dormia.
Inicialmente, a ré afirmou que a menina teria sofrido uma queda da escada. No entanto, um laudo pericial descartou essa versão e apontou que a causa da morte foi choque hemorrágico provocado por ferimentos causados por faca. O corpo de Anna Pilar foi encontrado no corredor do prédio onde residiam.
Ainda conforme a denúncia do Ministério Público, o crime teria sido cometido como forma de retaliação ao ex-companheiro da ré, pai da criança, que estaria em um novo relacionamento. Kauana está presa preventivamente desde agosto de 2024 e responde por homicídio qualificado com quatro agravantes: motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e crime praticado contra menor de 14 anos e descendente.
Júri composto apenas por mulheres e pedido de anulação negado
Um dos pontos que chamou atenção no julgamento foi a composição do conselho de sentença, formado por sete mulheres. A formação exclusivamente feminina foi solicitada pela defensora pública Tatiana Kosby Boeira, responsável pela defesa de Kauana.
Durante a sessão, a defesa chegou a pedir a anulação do júri, mas o pedido foi negado pelo magistrado. Segundo a defensora, a solicitação se deu porque depoimentos colhidos durante o inquérito policial foram gravados em vídeo, mas não teriam sido anexados ao sistema eletrônico do Tribunal de Justiça, o Eproc. O juiz entendeu que não havia prejuízo suficiente para anular o julgamento.
Entre as testemunhas ouvidas estão o ex-companheiro da ré e pai de Anna, um policial civil que atuou na investigação, a mãe de Kauana e uma médica psiquiátrica.
Defesa sustenta surto psicótico e sobrecarga emocional
A estratégia da defesa está centrada na tese de que Kauana teria cometido o crime durante um surto psicótico. Conforme alegado, a mulher já teria apresentado um episódio semelhante enquanto ainda era casada com o pai da criança e, no dia do crime, teria passado por novo surto.
A defensoria afirma que Kauana vivia uma situação de intensa sobrecarga emocional. Ela seria mãe solo e responsável exclusiva pelos cuidados da filha, que necessitava de acompanhamento médico contínuo, incluindo atendimentos psiquiátricos, psicológicos e fonoaudiológicos.
Segundo a defesa, após a separação, a ré perdeu o suporte financeiro do ex-companheiro e também o convênio médico, passando a arcar sozinha com todas as despesas e tratamentos da criança, o que teria agravado seu estado psicológico.
O júri segue ao longo do dia com debates entre acusação e defesa. Ao final, caberá ao conselho de sentença decidir sobre a culpa ou não da ré em um dos casos mais impactantes registrados recentemente no Rio Grande do Sul.