Brasil, 2025 – O Brasil se despediu nesta quarta-feira, 20 de agosto, de Carlos Sebastião da Prata, mais conhecido como Grande Otelo Filho, que morreu no Rio de Janeiro aos 70 anos.
A informação foi confirmada pela Secretaria de Saúde da capital fluminense, através da direção da UPA de Copacabana. Filho do icônico multiartista Grande Otelo, falecido em 1993, ele carregava não apenas o peso de um sobrenome histórico, mas também uma trajetória marcada por altos e baixos.
Uma vida entre telas e dificuldades pessoais
Na juventude, Grande Otelo Filho chegou a atuar em alguns filmes, mas a carreira foi interrompida por uma longa batalha contra a dependência química. O vício o levou a viver em situação de rua por cerca de seis anos, até que o apresentador Geraldo Luís interveio e o encaminhou para uma clínica de reabilitação. O tratamento durou seis meses e simbolizou uma tentativa de recomeço em sua vida.
Em 2021, esse renascimento ganhou forma quando ele participou da novela “Gênesis” (Record TV), interpretando um sacerdote. Na época, em entrevista à imprensa, afirmou que voltar a um set de gravação era como reviver. “Me senti renascendo. Estou animado, quero fazer novos projetos”, declarou.
O peso de carregar um legado
Em entrevistas, o ator não escondia a pressão de ser filho de Grande Otelo, considerado um dos maiores artistas brasileiros do século 20. “Sempre tive uma relação muito próxima com meu pai. Ele era um grande amigo. Mas ser filho dele sempre teve um peso muito grande sobre mim em todos os sentidos. Muitas pessoas se aproximavam por interesse, e também fui muito cobrado e comparado a ele”, revelou em 2021.
Essa carga emocional e profissional esteve presente em toda a sua trajetória, transformando sua vida em um constante desafio entre o desejo de trilhar seu próprio caminho e a sombra de um legado artístico grandioso.
A herança de Grande Otelo
O pai, Grande Otelo, foi um dos nomes mais marcantes da cultura nacional. Ator, comediante, cantor, produtor e compositor, brilhou no cinema em produções como Macunaíma, Saltimbancos e Assalto ao Trem Pagador. Na televisão, fez história em novelas como Renascer, A Gata Comeu e Sinhá Moça, além de conquistar o público com o personagem Seu Estáquio, na clássica Escolinha do Professor Raimundo.
Sua versatilidade no palco e nas telas o consagrou como um dos artistas mais completos e respeitados do país, deixando um legado que ainda ecoa na cultura brasileira.
Agora, com a partida de Grande Otelo Filho, encerra-se um capítulo de uma família que marcou profundamente as artes nacionais. A morte de Carlos Sebastião da Prata traz à memória não apenas a genialidade de seu pai, mas também a luta pessoal de um homem que buscou, entre dificuldades e recomeços, manter viva a chama do talento herdado.