Um episódio de violência dentro do ambiente escolar chocou a comunidade de Guará, no Distrito Federal, nesta segunda-feira (20). Um professor do Centro Educacional 4 foi brutalmente agredido pelo pai de uma aluna depois de ter solicitado que a estudante parasse de mexer no celular durante a aula. O caso foi registrado em vídeo e rapidamente se espalhou pelas redes sociais, provocando grande indignação entre educadores e pais de alunos.
Segundo informações da Polícia Militar, o professor havia pedido à aluna que guardasse o aparelho e se concentrasse na atividade proposta. A estudante, contrariada, teria enviado uma mensagem ao pai, relatando que teria sido alvo de uma “piada” feita pelo docente. Pouco tempo depois, o homem foi até a escola e, ao encontrar o professor, iniciou uma série de agressões físicas, desferindo ao menos nove socos.

Vídeo mostra o momento da agressão e reação dos alunos
As cenas, gravadas por alunos, mostram o pai partindo para cima do professor, enquanto a filha tenta impedir as agressões. O vídeo registra o momento em que a jovem aplica um “mata-leão” no próprio pai, derrubando-o no chão em uma tentativa desesperada de conter a violência. Chorando, a aluna ainda questiona o agressor: “Por que o senhor fez isso? Era o meu professor!”.
Outros estudantes também tentaram intervir, enquanto o professor, atordoado, tentava se proteger. Após o incidente, ele relatou ter recebido murros e pontapés, ficando com hematomas e um olho roxo. “Eu apenas pedi que ela copiasse o conteúdo da lousa e parasse de mexer no celular. Não imaginei que isso fosse gerar tamanha reação”, disse o educador.
A Polícia Militar foi acionada e levou o agressor à delegacia para prestar depoimento. Ele confirmou ter ido à escola após receber mensagens da filha, mas alegou que “foi tirar satisfação” e não tinha a intenção de causar tamanha confusão.
Caso reacende debate sobre uso de celulares e respeito aos educadores
O caso ocorreu poucos dias após a aprovação de uma lei que proíbe o uso de celulares e aparelhos eletrônicos em escolas públicas e privadas do Distrito Federal, incluindo salas de aula, recreios e intervalos. A norma tem o objetivo de reduzir distrações e preservar o ambiente de aprendizado, mas também reforça a necessidade de respeito à autoridade do professor dentro da sala.
A Secretaria de Educação do DF emitiu nota repudiando o ato de violência e informando que prestará assistência jurídica e psicológica ao professor. O sindicato da categoria também se manifestou, classificando o episódio como “inadmissível e preocupante”.
Nas redes sociais, o vídeo da agressão gerou revolta e solidariedade entre colegas da profissão, que pedem mais segurança e valorização do magistério. “O professor não pode ser alvo de agressão por exercer sua função. A escola deve ser espaço de respeito, não de violência”, escreveu uma professora da mesma instituição.
A Polícia Civil abriu um inquérito por lesão corporal e deve ouvir novas testemunhas nos próximos dias. O caso se soma a uma série de episódios recentes de violência contra educadores, levantando novamente a discussão sobre a necessidade de políticas públicas que garantam proteção e autoridade aos profissionais da educação.