Com a chegada do verão e a elevação das temperaturas em todo o país, cresce de forma significativa a procura por rios, cachoeiras, lagos e praias. Esses ambientes costumam ser vistos como refúgio para aliviar o calor intenso, especialmente durante feriados prolongados e confraternizações familiares. No entanto, especialistas alertam que o período também concentra um aumento expressivo nos casos de afogamento, sobretudo em áreas de correnteza forte e profundidade irregular.
Foi em um desses momentos de lazer que uma família viveu uma tragédia no interior do Espírito Santo. Durante uma confraternização de Natal, um pai perdeu a vida ao tentar salvar os próprios filhos, em um episódio que comoveu moradores da região e repercutiu nas redes sociais.

Tentativa de resgate terminou em tragédia no sul do estado
O caldeireiro Jeremias Machado Ribeiro, de 41 anos, e o filho Bernardo, de apenas 7 anos, morreram afogados no rio que corta o município de Jerônimo Monteiro, no Sul do Espírito Santo. O acidente ocorreu no dia 25 de dezembro, durante uma confraternização de Natal realizada em uma chácara da família, localizada nas proximidades do rio.
De acordo com relatos de parentes, o filho mais velho de Jeremias, de 11 anos, escorregou enquanto brincava e caiu em uma área mais profunda do rio. Ao perceber o perigo, o pai não hesitou em se jogar na água. Ele conseguiu alcançar o menino e empurrá-lo até um ponto seguro, evitando que o filho se afogasse.
No entanto, após o resgate, Jeremias acabou sendo surpreendido pela força da correnteza e foi arrastado pela água. Poucos minutos depois, o pequeno Bernardo, ao tentar se aproximar do pai, também foi levado pela correnteza, sem que as pessoas presentes conseguissem impedir.
Buscas mobilizaram bombeiros e comunidade local
As buscas começaram ainda no dia do acidente e mobilizaram equipes do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo, além de moradores da região. As condições do rio e a baixa visibilidade dificultaram os trabalhos, prolongando a angústia da família ao longo da noite de Natal.
Os corpos de Jeremias e do filho Bernardo foram localizados apenas no dia seguinte, encerrando as buscas, mas aprofundando o clima de dor e consternação. O sepultamento ocorreu no sábado, dia 27 de dezembro, e foi marcado por forte comoção, reunindo familiares, amigos e membros da comunidade religiosa da cidade.
A tragédia reacendeu alertas sobre os riscos presentes em rios e áreas naturais, especialmente durante períodos de lazer, quando a atenção tende a ser menor e as condições do ambiente podem mudar rapidamente.
Fé, exemplo e uma mensagem que ficou
Jeremias era conhecido na Igreja Assembleia de Deus Efraim, onde atuava como presbítero e se preparava para o ministério pastoral. Segundo relatos de amigos e familiares, ele era reconhecido pela dedicação à fé, pelo compromisso com a família e pela disposição em ajudar o próximo.
Poucos dias antes do acidente, Jeremias havia pregado sobre a importância de valorizar cada momento da vida, destacando que “não sabemos o dia nem a hora em que Deus vai nos chamar”. A mensagem, agora lembrada com ainda mais significado, passou a circular entre fiéis e moradores da região como um testemunho marcante.
Descrito como um homem de fé e coragem, Jeremias deixa esposa e três filhos. Um deles é um bebê de apenas cinco meses de idade. Para a família, a dor da perda se mistura ao orgulho pelo gesto de amor extremo, que salvou a vida de um dos filhos.