O Brasil, um dos poucos países do mundo que reconhece a homofobia como crime, voltou a registrar um caso chocante de violência contra a população LGBT. O episódio aconteceu na cidade de Mangueirinha (PR), na última quarta-feira (24/09), quando um adolescente de 17 anos foi esfaqueado pelo próprio pai após revelar sua orientação sexual.
Segundo informações da Polícia Civil, o crime aconteceu dentro da residência da família. O pai, inconformado ao descobrir que o filho era gay, desferiu golpes de faca que atingiram principalmente o braço do jovem, causando ferimentos graves.
Polícia prende agressor em flagrante
Após a agressão, o adolescente foi levado às pressas para um hospital da região, onde recebeu atendimento emergencial. Foi no local que a Polícia Civil tomou conhecimento do caso, colheu o depoimento da vítima e iniciou as buscas pelo autor do crime.
O suspeito foi encontrado e preso em flagrante. Ele foi encaminhado ao sistema prisional e segue à disposição da Justiça. O caso foi inicialmente registrado como lesão corporal grave, crime que pode resultar em pena de até 8 anos de prisão.
No entanto, ainda não está definido se o agressor também será enquadrado pela legislação que equipara a homofobia ao crime de racismo, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2019. Essa possibilidade pode ampliar a responsabilização do acusado e reforçar a gravidade do ato praticado.
Violência contra LGBT no Brasil segue alarmante
Casos como este revelam a persistência da violência motivada pela orientação sexual no país. Segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB), em 2023 foram registradas 291 mortes violentas de pessoas LGBT em território nacional. A entidade ainda alerta que o número real pode ser maior, já que muitos crimes não são oficialmente registrados como homofobia.
A agressão em Mangueirinha gerou comoção na região e reabriu o debate sobre a eficácia da legislação existente e a necessidade de políticas públicas que garantam mais proteção às minorias sexuais. Organizações de direitos humanos destacam que a criminalização da homofobia é um avanço importante, mas que a implementação ainda enfrenta desafios diante da resistência cultural e do preconceito enraizado em parte da sociedade.
Caso gera revolta e levanta debate
A brutalidade do episódio, aliado ao fato de ter sido cometido por um pai contra o próprio filho, amplia o impacto social do caso. Especialistas apontam que a violência doméstica contra adolescentes LGBT ainda é pouco denunciada, justamente por ocorrer em ambientes familiares, onde deveria prevalecer a proteção e o acolhimento.
Enquanto o adolescente se recupera das lesões, a investigação segue em andamento para definir os próximos passos no processo judicial. Para movimentos sociais, mais do que a responsabilização criminal, o caso evidencia a urgência de discutir respeito, tolerância e o combate à discriminação em todas as esferas sociais.