Brasil, 2025 – Mais de 17 anos após a morte da menina Isabella Nardoni, o caso volta a movimentar o cenário jurídico e a opinião pública. Novos desdobramentos levantam a possibilidade de que outras pessoas tenham tido participação no crime, considerado um dos mais chocantes da história recente do país. A repercussão reacendeu debates sobre a necessidade de reavaliações processuais quando surgem elementos até então ignorados.
A Associação do Orgulho dos LGBTQIAPN+ protocolou uma representação junto ao Ministério Público de São Paulo pedindo a investigação de Antônio Nardoni, pai de Alexandre Nardoni, já condenado pelo homicídio da filha. Segundo a entidade, indícios apontariam que ele colaborou com a ação que resultou na morte da neta, em março de 2008.
O documento baseia-se no relato de uma policial penal que acompanhou Anna Carolina Jatobá, também condenada pelo crime. A servidora afirmou ter escutado da própria detenta que o avô ajudou a elaborar um álibi para encobrir os envolvidos e, possivelmente, teria atuado no momento em que Isabella foi lançada da janela ainda com sinais vitais.
Lacunas da investigação original e risco a testemunha
De acordo com a representação, Antônio Nardoni não chegou a ser investigado durante o processo criminal original, lacuna que agora é contestada. A associação sustenta que a apuração precisa ser reaberta para analisar se houve omissão na época. Além disso, a petição solicita medidas protetivas à policial penal, que demonstrou receio em formalizar a denúncia por temer represálias.
O presidente da entidade, que também é suplente de deputado estadual, reforçou a mobilização e criticou o regime penal atual de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, hoje em liberdade. Para ele, é inadequado que pessoas condenadas por um crime de tamanha repercussão retomem o convívio social sem uma reavaliação rigorosa dos riscos que representam.
Caso pode ganhar novos capítulos
A representação levada ao Ministério Público reabre discussões não apenas sobre a morte de Isabella, mas também sobre a amplitude e a eficácia da investigação judicial realizada em 2008. Caso o MP considere haver base suficiente, a apuração poderá ser retomada, trazendo novos capítulos a um caso que continua marcado na memória coletiva dos brasileiros.
O episódio evidencia a importância de mecanismos jurídicos que permitam revisitar processos já julgados quando surgem elementos relevantes que não foram devidamente analisados. Entre memória, dor e busca por justiça, o caso Isabella Nardoni pode voltar a ocupar o centro do debate jurídico e social no Brasil.