Tragédia em Vinhedo! Por que aviões não possuem paraquedas para evitar tragédias? É porqu…Ver mais
No dia 9 de agosto de 2024, a cidade de Vinhedo foi palco de uma trágica queda de um ATR 72 operado pela VoePass. O acidente, que resultou na morte de todos os ocupantes ao atingir uma residência, trouxe à tona um questionamento crucial: a ausência de sistemas de paraquedas de emergência em aeronaves de grande porte.
Afinal, é possível ter um paraquedas em um avião?
Esse debate ganhou força especialmente ao se considerar a tecnologia empregada em aeronaves menores, como o Cirrus SR22, conhecido por seu sistema de paraquedas de emergência CAPS (Cirrus Airframe Parachute System), que salvou várias vidas após um incidente em março de 2023 em Belo Horizonte. Este sistema permitiu um pouso seguro após uma falha no motor, demonstrando sua eficácia em aeronaves de pequeno porte.
Em entrevista ao AIRWAY, Annibal Hatem Junior, professor de engenharia aeroespacial na Universidade Federal do ABC (UFABC), esclareceu que, embora tecnicamente possível, a aplicação de um sistema semelhante em aeronaves grandes enfrenta desafios significativos.
Segundo ele, enquanto um Cessna 152 tem um peso vazio de apenas 490 kg, um Boeing 747 ultrapassa as 183 toneladas, necessitando de um paraquedas com um diâmetro cerca de 20 vezes maior do que o utilizado no Cirrus.
Outro desafio nesta jornada
“O desafio não é apenas o tamanho do paraquedas, mas também a complexidade de dobrá-lo de forma que não se enrosque ao ser lançado, além das adaptações estruturais necessárias para suportar o impacto da abertura”, explicou Annibal. Ele adiciona que o solavanco causado pela abertura do paraquedas poderia comprometer a integridade estrutural da aeronave, tornando o sistema inviável para modelos de grande porte.
Sergio Beneditti, diretor comercial da Plane Aviation, representante da Cirrus no Brasil, também destacou a eficácia do CAPS. Desde sua introdução em 1999, o sistema foi acionado cerca de 110 vezes globalmente, salvando mais de 220 vidas.
“Esse é um incremento significativo para a segurança na aviação geral, provando ser um recurso valioso em situações críticas”, disse Beneditti.
Apesar de seu sucesso em aeronaves pequenas, o dilema permanece no que diz respeito a aviões maiores. Enquanto a tecnologia para paraquedas de emergência em jatos grandes ainda enfrenta obstáculos técnicos e econômicos consideráveis, a questão da segurança aérea continua a ser uma prioridade para fabricantes e autoridades, buscando sempre novas soluções para aumentar a segurança dos passageiros e tripulantes.