Aos 85 anos, Sergio Reis volta a ser citado nos noticiários, não por um novo sucesso musical ou projeto artístico, mas por uma triste constatação: o esquecimento. Ícone da música sertaneja e símbolo de uma geração, o artista que embalou multidões com suas modas de viola e canções de raiz agora enfrenta o silêncio de muitos que antes o aplaudiam.
Sergio Reis é uma das figuras mais marcantes da música brasileira. Com sucessos como Menino da Porteira e Panela Velha, ele fez parte da construção de um estilo musical que atravessou gerações. Começou a carreira no rock, nos anos 60, mas foi no sertanejo que se consagrou de vez, conquistando o Brasil com sua voz inconfundível e postura de homem simples do interior.
Além da música, também se aventurou na televisão e no cinema, sendo presença constante em novelas de época e filmes nacionais. Era aclamado, querido, respeitado. Sua imagem remetia à cultura raiz, ao campo, às tradições.
Poucos artistas tiveram a força de Sergio Reis dentro da música popular brasileira, e por isso, é duro perceber que seu nome já não aparece com o mesmo brilho nos grandes palcos, nem nos holofotes da mídia.
Hoje, aos 85 anos, vive de forma mais discreta, com a saúde inspirando cuidados e com poucas aparições públicas. Recentemente, foi divulgado que o cantor enfrenta limitações físicas e se recupera de problemas de saúde em casa, ao lado da família, longe dos aplausos e da movimentação dos tempos áureos.
O preço de uma escolha: a política dividiu opiniões
O que poucos esperavam, no entanto, é que grande parte desse distanciamento também teria relação com suas posições políticas. Em 2021, Sergio Reis mergulhou de vez em um cenário polêmico ao manifestar apoio explícito ao ex-presidente Jair Bolsonaro e se envolver em manifestações de teor político que repercutiram negativamente.
Sua participação em áudios e vídeos que convocavam atos antidemocráticos o colocou sob investigação, e a imagem do artista sofreu um duro golpe. Fãs antigos se dividiram: enquanto alguns continuaram fiéis, outros se decepcionaram profundamente com o caminho que ele escolheu trilhar.
A partir daí, o nome de Sergio Reis deixou de ser apenas lembrado pelas modas caipiras e virou símbolo de uma controvérsia nacional. O resultado foi um silêncio doloroso: convites rarearam, colegas se afastaram e o público, em sua maioria, se calou.
Esquecimento que dói mais do que críticas
Para um artista que viveu dos palcos, do carinho popular e do reconhecimento constante, o esquecimento talvez seja mais cruel do que qualquer polêmica. Sergio Reis, apesar dos tropeços, ainda é parte inegável da história da música brasileira. Seu legado vai além das falas políticas ou de um momento isolado de sua trajetória.
Hoje, ao ver sua imagem associada ao abandono e ao distanciamento, muitos se perguntam: é justo que uma trajetória tão rica seja apagada assim? A notícia de que ele segue com a saúde fragilizada e sem o mesmo apoio de outrora traz à tona uma reflexão amarga sobre a rapidez com que o público esquece seus ídolos — especialmente quando suas escolhas pessoais desagradam.
