O Brasil se despediu nesta sexta-feira (8) de Arlindo Cruz, um dos maiores nomes do samba, que morreu aos 66 anos, no Rio de Janeiro, após sofrer falência múltipla dos órgãos. Internado no Hospital Barra D’Or, na Zona Oeste, o músico já vinha enfrentando complicações desde o acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico que sofreu em março de 2017. Nos últimos instantes, segundo familiares, o artista fez um pedido que emocionou a todos: ele pediu a Deus mais tempo de vida.
O relato foi compartilhado por pessoas próximas, que acompanharam de perto sua luta nos últimos anos. Apesar das limitações físicas e da rotina intensa de cuidados, Arlindo mantinha o desejo de viver e de permanecer ao lado da família. Para quem esteve presente, seu último pedido foi um reflexo do amor que tinha pela vida, pela música e pelos que o cercavam.
Desde o AVC, o sambista vivia sob cuidados médicos contínuos, lidando com sequelas que afetaram sua fala, mobilidade e independência. Mesmo assim, mantinha momentos de lucidez e fé, sendo capaz de expressar gratidão e esperança. Seu pedido final, feito com voz fraca mas cheia de sentimento, revelou que, até o último instante, Arlindo desejava continuar escrevendo sua história.
Legado de fé, resistência e amor ao samba
O velório será realizado neste sábado (9), na quadra do Império Serrano, escola de samba pela qual Arlindo sempre teve um carinho especial. O local deve reunir familiares, amigos, músicos e admiradores para prestar as últimas homenagens a um ícone que dedicou sua vida ao samba.
Em nota, a família exaltou sua trajetória e sua essência: “Mais do que um artista, Arlindo foi um poeta do samba, um homem de fé, generosidade e alegria, que dedicou sua vida a levar música e amor a todos que cruzaram seu caminho. Sua voz, suas composições e seu sorriso permanecerão vivos na memória e no coração de milhões de admiradores”.
Nascido no Rio de Janeiro em 14 de setembro de 1958, Arlindo Domingos da Cruz Filho ganhou o apelido de “o sambista perfeito”, título inspirado em uma de suas composições com Nei Lopes, que também se tornou o nome de uma biografia lançada este ano. Sua carreira foi marcada por sucessos que atravessaram gerações e por uma presença de palco que cativava o público.
O último pedido de Arlindo — mais tempo de vida — agora ecoa como símbolo de sua paixão pela existência. Ele partiu deixando um legado eterno, e sua música continuará a embalar corações, mantendo vivo o espírito de resistência que sempre carregou.