A megaoperação realizada pela Polícia do Rio de Janeiro nesta terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha terminou com 64 mortos confirmados. Segundo o balanço divulgado pelas autoridades, 60 eram criminosos, dois policiais civis e dois policiais do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais). Até o momento, 81 pessoas foram presas e outras continuam sendo procuradas.
A ação, batizada de “Operação Contenção”, faz parte da estratégia do governo estadual para conter a expansão do Comando Vermelho (CV) e cumprir 100 mandados de prisão contra integrantes e lideranças da facção. Entre os alvos, 30 seriam criminosos de outros estados, com destaque para o Pará, de onde vieram reforços da organização criminosa.

Policiais mortos em combate e luto na corporação
Os dois policiais do Bope mortos foram identificados como sargento Cleiton Serafim Gonçalves, de 42 anos, e sargento Heber Carvalho da Fonseca, de 39 anos. Ambos foram feridos durante confrontos e chegaram a ser socorridos ao Hospital Getúlio Vargas, mas não resistiram aos ferimentos.
O sargento Serafim integrava a corporação desde 2008. Casado, ele deixa uma esposa e uma filha. Já o sargento Heber, que ingressou na Polícia Militar em 2011, deixa esposa, dois filhos e um enteado. O local e o horário dos sepultamentos ainda não foram divulgados.
A Secretaria de Estado de Polícia Militar lamentou as mortes em nota oficial, destacando o compromisso dos agentes com a segurança pública. “São heróis que tombaram cumprindo a missão de proteger o povo do Rio de Janeiro”, disse o comunicado.
Feridos, prisões e desdobramentos da operação
Durante os confrontos, três moradores foram atingidos por bala perdida e socorridos ao Hospital Getúlio Vargas. Uma das vítimas, uma mulher baleada de raspão enquanto estava em uma academia, já recebeu alta médica.
Um policial do Bope também foi ferido de raspão na perna durante incursão em área de mata. O militar foi levado ao Hospital Central da PM, no bairro do Estácio, e não corre risco de morte.
Entre os presos, está um suspeito apontado como operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca” ou “Urso”, considerado um dos principais chefes do Comando Vermelho. Segundo as investigações, o homem atuava como responsável por movimentar o dinheiro do tráfico e manter a estrutura financeira da facção.
Maior operação do ano no Rio reacende debate sobre segurança e violência
A Operação Contenção mobilizou centenas de agentes, incluindo policiais civis, militares e equipes especializadas em incursões em áreas de risco. As forças de segurança afirmam que a ação foi planejada por mais de um ano, com base em investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).
Apesar dos resultados, o número elevado de mortes reacendeu o debate sobre a letalidade policial no Rio de Janeiro. Organizações de direitos humanos pedem uma investigação independente para apurar as circunstâncias das mortes e possíveis excessos.
Enquanto isso, familiares de policiais e moradores das comunidades vivem dias de luto e tensão, em meio a uma cidade que mais uma vez se vê dividida entre o medo, a dor e a esperança de que a paz ainda possa vencer a violência.