A noite desta sexta-feira (31 de outubro) marcou o fim de uma era na televisão brasileira. O jornalista William Bonner apresentou o Jornal Nacional (JN) pela última vez, encerrando uma trajetória de quase três décadas à frente da bancada do principal telejornal do país. Em um discurso emocionado, Bonner lembrou que sua saída vinha sendo planejada há cinco anos e explicou os motivos que o levaram a encerrar esse ciclo.
“Cinco anos se passaram, o ciclo foi concluído e hoje, dois meses depois do anúncio feito no aniversário do JN, estou concluindo essa etapa”, disse o jornalista, que ingressou no JN em 1996. Ele revelou que a decisão amadureceu após um período de reflexão durante a pandemia de Covid-19, quando percebeu que precisava de mais tempo para realizar coisas pessoais. “Naquela época, eu me queixei comigo mesmo da falta de tempo para fazer, além das coisas que eu precisava, as coisas que eu queria fazer”, explicou.
Transição e novo desafio no Globo Repórter
Mesmo deixando o JN, William Bonner não vai se afastar completamente da televisão. Ele assumirá o Globo Repórter, ao lado de Sandra Annenberg, com quem já dividiu a bancada do JN no passado. O jornalista afirmou que a nova função representa uma mudança de ritmo e uma forma de continuar contribuindo para o jornalismo brasileiro. “Se eu tivesse que mudar de profissão agora, ia ser bem difícil para mim”, brincou.
No novo programa, Bonner trabalhará com reportagens de atualidades e temas humanos, que não exigem a mesma urgência das notícias diárias. “Trabalhar com conteúdos que não precisam sair de forma imediata permite uma rotina mais tranquila. A vida fica mais suave”, destacou.
Durante a transição no estúdio, Bonner recebeu César Tralli, que passará a comandar o Jornal Nacional. Em tom de amizade e respeito, ele desejou sorte ao colega e deixou um aviso: “Nunca mais, na sua vida, você passará despercebido nesse país. Onde quer que você esteja, será reconhecido.”
O jornalista também aproveitou o momento para agradecer à equipe do JN e aos profissionais com quem trabalhou ao longo dos anos. “Eu só trabalhei com pessoas muito corretas dentro dessa empresa. Tive a companhia de grandes profissionais”, afirmou, emocionado.
O último “boa noite” e a homenagem de Renata Vasconcellos
Antes do encerramento, a colega de bancada Renata Vasconcellos prestou uma homenagem comovente ao parceiro de 11 anos. “Nós passamos por muita coisa, né? Agradeço por esses anos de parceria. Com você, aprendi o melhor da técnica e vi o que é compromisso com a ética e a coragem”, declarou, com a voz embargada.
O estúdio foi tomado pela emoção quando Bonner proferiu suas últimas palavras como âncora do JN: “Esse é o meu último boa noite pelo Jornal Nacional. A gente se vê, muito obrigado.”
Com sua despedida, William Bonner encerra um capítulo marcante da história da televisão brasileira, deixando um legado de credibilidade, ética e respeito ao público. Sua trajetória se confunde com a evolução do telejornalismo no país, e sua presença continuará sendo lembrada como símbolo de confiança e profissionalismo.