A morte de Abel, vivido por Tony Ramos em Dona de Mim, causou comoção entre os telespectadores e, segundo a autora Rosane Svartman, foi adiada por um motivo especial: o talento irresistível do ator em cena. Em entrevista ao GLOBO, ela revelou que o acidente de carro que tirou a vida do personagem estava previsto na sinopse desde o início da novela, mas deveria ter acontecido bem antes.
— A morte demorou mais um pouco a chegar pelo seu brilhantismo irresistível em cena — disse Rosane, que viu no desempenho de Tony uma oportunidade de prolongar a presença do personagem e manter sua influência na trama por mais tempo.
Tony Ramos, por sua vez, contou que soube do destino trágico de Abel ainda no momento do convite para o papel, durante um jantar com Rosane e o diretor Allan Fiterman. Ele recorda que ambos hesitaram em contar que o personagem morreria: “Mas o que é isso, minha gente? Sou um ator! Isso é trabalho”, relembrou no videocast Conversa vai, conversa vem.
Uma despedida que impulsiona novos rumos
Para Rosane, perder um personagem tão querido é também uma oportunidade de abordar o luto de forma profunda na narrativa. Embora Abel tenha se despedido fisicamente da trama, o público ainda o verá em diversas cenas de flashback já gravadas.
A autora explica que a morte de Abel foi pensada como ponto de virada essencial para a história: “Sem essa morte terrível, algumas das principais reviradas não aconteceriam”. A ausência dele abre caminho para que Samuel (Juan Paiva), seu filho na ficção, enfrente o tio antagonista Jaques (Marcello Novaes), mergulhado em decisões cada vez mais questionáveis.
Rosane chegou a comparar a estrutura dramática dessa fase da trama com peças clássicas: “Bem, Hamlet começa mais ou menos assim”, brincou. Ela também destacou que, à medida que o antagonista cresce, outros conflitos se intensificam — como a relação de Leo (Clara Moneke) com Sofia (Elis Cabral), além do embate com Rosa (Suely Franco), matriarca da família.
Novos protagonistas e segredos revelados
A partida de Abel não apenas reposiciona os personagens, mas também abre espaço para o fortalecimento de tramas paralelas. A relação de Filipa (Cláudia Abreu) com a família Boaz ganha mais nuances, enquanto São Cristóvão, bairro da novela, assume maior importância.
Segundo Rosane, Sofia precisará passar um tempo com Leo no bairro, o que trará novas histórias e revelará segredos que podem mudar o rumo de todos os envolvidos. Assim, mesmo ausente, Abel continua a mover as engrenagens da trama, garantindo que sua presença seja sentida até os últimos capítulos.